Vicente Jerônimo de Oliveira
Proposta de uma visão holística
da Ciência, para o êxito em
Educação Ambiental
da Ciência, para o êxito em
Educação Ambiental
_______Pesquisa de Metodologias Alternativas_______
Monografia referente ao curso de “Especialização em Fundamentos e Metodologia do Ensino de Ciências 1° e 2º Graus”. Apresentada ao CAEDRHS – Cursos de Pós Graduação e Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá – FAFIPAR.
Como requisito para a obtenção do título de Especialista em Educação de Ciências
Orientador: Profº Dr. Amauri B. Bartoszeck
Caiobá – PR, março/1999
Prof. Vicente Jerônimo de Oliveira
PROPOSTA DE UMA VISÃO HOLISTICA EM CIÊNCIAS
PARA O EXITO EM EDUCAÇÃO
PARA O EXITO EM EDUCAÇÃO
Pesquisa de Metodologias Alternativas em Educação Ambiental
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Desenvolvido a partir do relatório do Projeto Vale Saber /98 da SEED Pr.
Apresentado pelo autor ao Núcleo Regional de Educação de Paranaguá
Apresentado pelo autor ao Núcleo Regional de Educação de Paranaguá
RELATÓRIO FINAL
PESQUISA DE METODOLOGIAS ALTERNATIVAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PROPOSTA DE UMA VISÃO HOLISTICA EM CIÊNCIAS PARA O ÊXITO
EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Tema:
METODOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA CONSTRUÇÃO DO EXITO EDUCACIONAL
METODOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA CONSTRUÇÃO DO EXITO EDUCACIONAL
Forma de capacitação:
INVESTIGAÇÃO PEDAGÓGICA / ESTUDO DE CASO / PROPOSTA
INVESTIGAÇÃO PEDAGÓGICA / ESTUDO DE CASO / PROPOSTA
Tema objeto de estudo:
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Área de monografia:
CIÊNCIAS NATURAIS
CIÊNCIAS NATURAIS
Agradecimento:
Agradeço o apoio dos amigos ambientalistas:
Ivan Zanone Kirchnner e Pedro Guimarães,
companheiros de todas as horas e de andanças pelo ambiente...
e aos Mestres: Prof. Dr. Amauri Bartozek, e Profª Ivanilda Higa
Que gentilmente teceram críticas a esse trabalho.
Dedicatória:
“Dedico este trabalho aos meus filhos: Thiago, Rodrigo e Eduardo, pois a eles, espero deixar um ambiente melhor do que encontrei..., aos meus pais: Gerônimo e Antonia(in memórian), uma humilde prova que, continuo a lutar...”.
Buscando o sentido
O sentido, acho, é a coisa mais misteriosa do universo.
Relação, não coisa, entre a consciência, a vivencia e as coisas e os eventos
O sentido dos gestos. O sentido dos produtos. O sentido do ato de existir.
Me recuso a viver num mundo sem sentido
Estes anseios/ensaios são incursões conceptuais em busca do sentido
Pois isso é própria da natureza do sentido: ele não existe nas coisas, tem que ser buscado, numa busca que é a própria fundação.
Só buscar o sentido faz, realmente, sentido.
Tirando isso, não tem sentido
Relação, não coisa, entre a consciência, a vivencia e as coisas e os eventos
O sentido dos gestos. O sentido dos produtos. O sentido do ato de existir.
Me recuso a viver num mundo sem sentido
Estes anseios/ensaios são incursões conceptuais em busca do sentido
Pois isso é própria da natureza do sentido: ele não existe nas coisas, tem que ser buscado, numa busca que é a própria fundação.
Só buscar o sentido faz, realmente, sentido.
Tirando isso, não tem sentido
Paulo Leminski – in memorian
RESUMO
PROPOSTA DE UMA VISÃO HOLÍSTICA EM CIÊNCIAS PARA O ÊXITO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A partir de uma análise de conjuntura do Ensino de Ciência, apresentamos sugestões capazes de promover a consciência ambiental que, aliada a alfabetização científica, será capaz de satisfazer as novas exigências qualitativas em educação da sociedade contemporânea. A fim de promover um desenvolvimento sustentado na tecnologia e no equilíbrio ambiental, argumentamos o valor da interatividade máxima do educando com o ambiente natural, como prática capaz de construir o êxito em Educação Ambiental. Diante do atual paradoxo do pensamento científico: Desenvolvimento Tecnológico X Destruição da Biosfera, analisamos os principais problemas no ensino-aprendizagem, visando promover a compreensão das relações que ocorrem no ambiente. Recorrendo a pressupostos filosóficos e científicos, questionamos os valores éticos e sociais que nos levaram a apropriar-se da maior tecnologia da história da civilização e ao mesmo tempo produzir resíduos poluentes e desequilíbrio ambiental, causando grande destruição: extinguindo milhares de espécies e colocando as demais inclusive o homem, sob a ameaça de desaparecer da biosfera. Analisando comparativamente o processo ensino-aprendizagem nas civilizações primitivas e nas espécies ditas inferiores com o pensamento humano contemporâneo, procuramos desviar das modernas teorias neurológicas, que centram na faculdade do raciocínio a origem e sede da inteligência, e assim sendo, uma exclusividade humana. Propomos uma nova Epistemologia, cuja base de sustentação expressa-se na extrema valorização de todos os órgãos do sentido (neurônios sensoriais), na construção do conhecimento na espécie e no homem do desenvolvimento de um pensamento crítico sobre o ambiente que o cerca, ou seja, a consciência holística ou ambiental. A isso denominamos “Teoria Genético Sensorial”, ainda carente de mais informações, mas que o mínimo é inovadora. A partir das observações realizadas em nossas pratica educativa, levantamos hipóteses que, reforçam uma teoria da “Interatividade com o meio natural (ambiente), como método capaz de se atingir consciência ambiental”. Visando a alfabetização cientifica do educando aliada a uma consciência ambiental, propomos um novo eixo do ensino de ciências e Educação Ambiental através da equivalência Ciência-Ambiente, adaptando os conteúdos transdisciplinares para esse fim e valorizando a interatividade máxima do educando com o ambiente natural. Passamos a trabalhar os conteúdos através de novas metodologias como: Resolução de Problemas ao cotidiano do aluno; Estudo de Casos Estruturados – PBLs e Técnica de Mapeamento de Idéias. Passamos a privilegiar pedagogias que democratizem o espaço escolar com a liberdade de movimentos e o fim da ditadura postural, de forma a possibilitar o aluno interagir diretamente com o ambiente natural através de aulas ao ar livre e atividades lúdicas relacionadas à arte educação como: jogos teatrais, técnicas de relaxamento através de viagens imaginárias e visitas-estudo e ecossistema. Através dessas novas práticas e de outras sugestões aqui apresentadas, acreditamos estar possibilitando facilitar um processo ensino-aprendizagem que busque compreender os problemas ambientais, suas possíveis soluções, assim como aprender a evitá-los no futuro.
SUMÁRIO:
I – Introdução:
1.1- Fugindo do lugar comum................................................................................................... 08
1.2- Educação Ambiental – Que lugar é esse?.......................................................................... 09
1.3- Em que arquivo colocar a Educação Ambiental................................................................ 10
1.4- Como ensinar Educação Ambiental?................................................................................. 11
1.1- Fugindo do lugar comum................................................................................................... 08
1.2- Educação Ambiental – Que lugar é esse?.......................................................................... 09
1.3- Em que arquivo colocar a Educação Ambiental................................................................ 10
1.4- Como ensinar Educação Ambiental?................................................................................. 11
II – Metodologia:
2.1 – Investigado em Educação................................................................................................ 15
2.1 – Investigado em Educação................................................................................................ 15
III – Fundamentação:
3.1- Proposta de Uma visão Holística para o êxito em Educação ambiental
A Interatividade com o ambiente Natural como processo de construção da
Consciência Ambiental............................................................................................................. 17
3.2- Que relações pode haver entre Educação ambiental e os órgãos dos
sentidos..................................................................................................................................... 20
3.3- O que vem a ser Inteligência Genético Sensorial............................................................... 21
3.4- Desenvolvimento da Inteligência Genético Sensorial:
Alienação Sensorial X Consciência Ambiental......................................................................... 26
3.1- Proposta de Uma visão Holística para o êxito em Educação ambiental
A Interatividade com o ambiente Natural como processo de construção da
Consciência Ambiental............................................................................................................. 17
3.2- Que relações pode haver entre Educação ambiental e os órgãos dos
sentidos..................................................................................................................................... 20
3.3- O que vem a ser Inteligência Genético Sensorial............................................................... 21
3.4- Desenvolvimento da Inteligência Genético Sensorial:
Alienação Sensorial X Consciência Ambiental......................................................................... 26
IV- Análise e Discussão dos Objetivos:
4.1- Unificação entre Ciências e Educação Ambiental............................................................. 29
4.2- Novas Metodologias e Técnicas Pedagógicas aplicadas: A interatividade com
o Ambiente como prática Pedagógica....................................................................................... 31
4.3- Técnica dos Problemas estruturados e Aprendizagem por Estudo de
Casos......................................................................................................................................... 32
4.4- Técnica do Mapa de idéias ou mapa Conceitual................................................................ 34
4.5- Técnica da Resolução de Problemas – PBLs. Resolvendo Problemas à
partir de Situações Concreta Preexistentes no Ambiente......................................................... 37
4.1- Unificação entre Ciências e Educação Ambiental............................................................. 29
4.2- Novas Metodologias e Técnicas Pedagógicas aplicadas: A interatividade com
o Ambiente como prática Pedagógica....................................................................................... 31
4.3- Técnica dos Problemas estruturados e Aprendizagem por Estudo de
Casos......................................................................................................................................... 32
4.4- Técnica do Mapa de idéias ou mapa Conceitual................................................................ 34
4.5- Técnica da Resolução de Problemas – PBLs. Resolvendo Problemas à
partir de Situações Concreta Preexistentes no Ambiente......................................................... 37
V – Aplicação:
5.1- A interatividade com o Ambiente natural – Nossas Primeiras Práticas
Pedagógicas.............................................................................................................................. 39
5.2- Projeto Água Limpa – Casos Estruturados........................................................................ 41
5.3 – Resolução de Problemas – O problema da Lagoa de tratamento de
Resíduos Orgânicos de Caiobá – O parque Rio da Onça......................................................... 44
5.4- Projeto de Reciclagem de Lixo.......................................................................................... 46
5.5- Prática com mapas conceituais em Educação Ambiental.................................................. 47
5.6- Sugestões de Temas e Assuntos para aplicação de casos Estruturados e
Resolução de Problemas em Educação Ambiental................................................................... 48
5.1- A interatividade com o Ambiente natural – Nossas Primeiras Práticas
Pedagógicas.............................................................................................................................. 39
5.2- Projeto Água Limpa – Casos Estruturados........................................................................ 41
5.3 – Resolução de Problemas – O problema da Lagoa de tratamento de
Resíduos Orgânicos de Caiobá – O parque Rio da Onça......................................................... 44
5.4- Projeto de Reciclagem de Lixo.......................................................................................... 46
5.5- Prática com mapas conceituais em Educação Ambiental.................................................. 47
5.6- Sugestões de Temas e Assuntos para aplicação de casos Estruturados e
Resolução de Problemas em Educação Ambiental................................................................... 48
VI – Considerações:
6.1- Analisando os Resultados Obtidos.................................................................................... 49
6.2- Conclusão.......................................................................................................................... 51
6.3- Bibliografia e Referências.................................................................................................. 52
6.4- Anexos............................................................................................................................... 54
6.1- Analisando os Resultados Obtidos.................................................................................... 49
6.2- Conclusão.......................................................................................................................... 51
6.3- Bibliografia e Referências.................................................................................................. 52
6.4- Anexos............................................................................................................................... 54
I – INTRODUÇÃO
1.1 Fugindo Do Lugar Comum
Quando Iniciamos nossa prática pedagógica no magistério público, deparamos com os velhos e eternos problemas da Educação pública: baixa aprendizagem, evasão escolar, repetência, indisciplina, desinteresse, etc. Mas, o que mais nos abalou, foi o desinteresse pelas coisas da ciência. Para conseguir cumprir com o papel atribuído de professor, ou seja, ministrar os conteúdos planejados tínhamos que ser do tipo durão e exigir pouco, etc. Logo percebemos que algo não funcionava, ou conosco ou com aquelas práticas. Pôr um lado professores omissos, pôr outro alunos desinteressados. Passamos a exigir disciplina a todo custo, porem sempre de forma democracia. Tivemos sérios problemas, a ponto de pensar em abandonar o ministério. Para quem odeia a clausura como nós, permanecer em sala de aula fechado por muito tempo é muito tedioso, imaginamos ser assim que os alunos também se sentiam.
Para resolver um problema que era comum, passamos então a tirar a turma para fora da sala de aula, íamos todos para o pátio do colégio, e lá, sob as árvores, continuávamos nossas aulas. Notamos imediatamente que, aqueles alunos ditos problemas, produziam melhor no ambiente fora de quarto e paredes. Inclusive aqueles que nas aulas pareciam estátuas (mudos e perplexos), passavam a comunicar-se melhor nessas aulas livres. Passamos a organizar mais aulas livres e aos poucos retomamos o domínio de classe, agora com uma metodologia própria e sem usar de imposição. Como essa prática não é usual nas escolas, também tivemos alguns problemas, a ponto de ter que fazer relatórios de nossas atividades com alunos fora de sala de aula. Alguns colegas também achavam estranho e diziam em off: ‘que aquilo é que era enrolar’. A verdade é que sempre arrumávamos um motivo para tira-los da clausura da sala de aula.
Para dar sustentação aquele tipo de aula passamos a pesquisar mais sobre práticas interativas em Educação ambiental, sempre com propostas inovadoras para um currículo pouco atento a educação ambiental, passamos a pesquisar propostas inovadoras, montar projetos e aplica-os em aulas, internas e externas, com o objetivo testá-las e avaliá-las. Do resultado originou-se esta monografia, cujo tema: “Proposta de uma visão holística em Ciências para se obter êxito em Educação Ambiental”, propôs-se à pesquisa de Metodologias alternativas em educação ambiental, tendo como propósito valorizar a interatividade máxima do educando com o ambiente natural, para se desenvolver uma compreensão do ambiente na sua totalidade e assim atingir a consciência ambiental, para nós condição sine quá non à Alfabetização científica.
1.2 Educação Ambiental – Que lugar é esse?
Nesse momento, em que o governo federal, estadual e municipal, através de seus respectivos ministérios e secretarias de educação e meio ambiente, e setores da sociedade organizada (ONGs ambientais), discutem a necessidade premente de introduzir a educação ambiental nos currículos escolares, no intuito de coibir e reverter à crescente depredação do ambiente natural que sempre existiu, mas que nos últimos períodos, vem alcançando índices alarmantes, diante do quadro desolador que se encontra o ambiente natural que sempre existiu, mas que nos últimos períodos, vem alcançando índices alarmantes, diante do quadro desolador em que se encontra o ambiente natural, por todo o país, e a biosfera como um todo, deparamos com autoridades de governo e seus técnicos perplexos, sem condições de apontar um caminho satisfatório para solucionar ou pelo menos minorar os problemas da poluição, principalmente a industrial.
No Brasil, a partir da Rio 92, virou moda para os governos promoverem as ditas conferências ambientais, sempre fechada a um círculo seleto de burocratas (técnicos) da educação e ambientalistas de carteirinha, discutem com se procurassem a pedra filosofal da educação ambiental, perdida em algum lugar do passado, suas deliberações, nunca são compridas pelos governos e, no caso da educação pública, nunca chega aos professores. Modelos que se propõem elaborar programas acabados, no caso o PRONEA – Programa Nacional de Educação Ambiental em nada acrescentam enquanto ficarem no papel e nas esferas de governo. Na prática, parece que pouca coisa mudou no Brasil, desde 1977 quando de sua desastrosa participação na Conferencia de Tbilisi, onde, entre os países participantes, apenas Brasil e Índia optaram pelo desenvolvimento a qualquer custo. No momento, enquanto o governo enclausura-se em seus problemas, de “ordem econômica”, perde-se a oportunidade de discutir com toda a sociedade os problemas nacionais, entre eles a questão ambiental.
Diante desse quadro de indefinição de uma política ambiental para o país, e de um projeto nacional em educação ambiental, secretarias municipais de educação, tentam implantar a Educação Ambiental, sem um encaminhamento metodológico prévio, e as mínimas instruções didáticas aos professores que teriam por tarefa ensinar a educação ambiental. Diante de tal quadro sem perspectivas, e com uma legislação ambiental permissiva, o governo aponta para possíveis parceiras com empresa privadas, como se os mesmos empresários (com raras exceções) que poluíram, degradaram e acumularam lucro sobre o ambiente, num passe de magia adquirissem consciência ambiental. Não raro encontramos cidadãos comuns, em suas comunidades, como verdadeiros, abnegados, trabalhando a questão ambiental, muitas vezes sem respaldo desde diretores da escola até de órgãos de governo como IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e Secretarias de Meio Ambiente. Assim, só aparece na mídia como grandes projetos ambientais aquilo que deveria ser o dia a dia do governo. Enquanto governantes e políticos virem nos problemas ambientais mais uma questão político ideológica, continuarão a gastar o dinheiro publico a toa. A nosso ver, tudo isso deriva-se da atribuição por parte do governo de cargos em órgãos importantes no trato da questão ambiental, à pessoas erradas, sem qualquer consciência ambiental. De maneira que raras exceções, a nível de governos, nada tem sido feito pela questão ambiental no Brasil.
Diante dos poucos encaminhamentos das esferas de poder, para introduzir a educação ambiental no currículo escolar, devemos como cidadãos pressionar principalmente os parlamentares a uma tomada de posição. Aos educadores, principalmente àqueles que pensam que não se podem mudar a ordem da ciência oficial, talvez não haja outra opção se não a difícil tarefa de encontrar mais um arquivo em nosso programa oficial de conteúdos e alocar mais alguns, agora sob a égide dos “Temas Transversais”.
Nas esferas de governo há apenas cerca de 30 anos o assunto educação ambiental passou a ser reconhecido como relevante, isso nos países de 1a mundo. No caso do Brasil, considerado 3a mundo, só recentemente a partir da Conferência do Rio de Janeiro - Agenda 21 da Eco- 92 , a questão ambiental passou a fazer parte da agenda oficial no Brasil. Embora as primeiras reuniões mundiais remontam a 1968, com a Conferência da ONU, em Estocolmo na Suécia, só em 1972 com a 1o Conferência Internacional sobre Meio Ambiente realizada em Estocolmo surgiram as primeiras políticas de gerenciamento ambiental. Em 1977 na 1o Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada em Tbilizi - República da Geórgia (ex-URSS) foi produzido o primeiro documento internacional que orientava a prática da Educação Ambiental. Na sociedade civil remonta ainda da primeira fase da Revolução Industrial (Cartismo), as primeiras reivindicações por melhores condições no ambiente como um todo, mas principalmente no ambiente de trabalho. A partir dos anos 50 e 60 desse século, devido ao acelerado surto no avanço tecnológico e industrial acirrou- se a luta entre ambientalistas e governos. No início os verdadeiros ecologistas e ambientalistas, eram vistos como loucos, alienados, irracionais. “Muitos dos líderes políticos mundiais tinham e tem os ambientalistas como inimigos do “desenvolvimento global”, como ex., o ex-presidente americano George Bush que na Eco 92, disparou contra os ambientalistas que participavam de um foro paralelo:” - ninguém vai dizer o que fazer à maior nação do mundo, nem determinar nosso padrão de vida” (consumo). No Brasil o ex-presidente Collor tratou os ambientalistas como caso de segurança nacional igualando-os aos narcotraficantes. Pouco a pouco essa visão foi mudando e hoje, a grande parcela, principalmente dos políticos e governantes os vêem apenas como desocupados.
1.4 Como Ensinar Educação Ambiental?
Em relação a educação formal, há menos de 10 anos, pouco se falava em Ecologia, Educação Ambiental e assuntos afins. Deparava-se com Ecologia sem saber o que fazer com aquele assunto sem um eixo, isolado, fora de contexto, sem uma relação direta com outros conteúdos. Nessa época, o assunto entrou na mídia, virou moda. Nos meios acadêmicos passou a ser politicamente correto saber alguns termos ou palavras de efeito sobre Ecologia. Nas Faculdades, nada ou quase nada abordava-se sobre o assunto. Também nos cursos técnicos como os dos ramos da engenharia, não há uma disciplina específica sobre Educação Ambiental. Por exemplo num curso de Engenharia de Minas, aprende-se sobre Geologia e também como elaborar o RIMA ( Relatório de Impacto ao Meio Ambiente), documento de cunho oficial necessário na implantação de um projeto de exploração de recursos naturais. Mas saber Geologia ou como elaborar um RIMA , de maneira nenhuma significa ter consciência ambiental.
A utilização do ensino formal para a concretização da Educação Ambiental é hoje uma necessidade indiscutível, já na Conferência de Tbilisi, elaborou-se documento onde se previa esta prática definindo-a como “A Educação ambiental deve ser considerada pela sociedade e pelos governantes como um processo permanente na qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquiram o conhecimento, os valores e as habilidades, as experiências e a determinação que os tomam aptos a agir individual e coletivamente e resolver problemas ambientais presentes e futuros”. Aos poucos o assunto ecologia vem ganhando destaque na educação formal, mais como um assunto complementar de outras disciplinas (Temas transversais, segundo os novos Parâmetros Curriculares), do que como um tema central com eixo próprio. A Educação Ambiental segundo Aírton C. Marcondes e Paulo A de T. Soares em Curso Básico de Educação Ambiental (um dos livros que adotamos como fonte de pesquisa em nossas aulas), deve ser entendida como “o desenvolvimento da capacidade intelectual do ser humano no tocante a assuntos ecológicos , visando à sua participação na preservação do ambiente”. Assim o assunto ecologia tem que estar submetido a uma prática educacional cuja finalidade é desenvolver no educando a consciência para a preservação do ambiente natural. A palavra “Ecologia”, do grego oíkos , ‘habitação’ e - logia , ‘ciência’, foi usado pela primeira vez em 1866 pelo naturalista alemão Ernst H. Haeckel, para designar a noção básica de sua atual concepção , “parte da ciência que se propõe a estudar as relações dos seres vivos entre si e com o ambiente”, alguns autores referem-se a ela como: ’’história natural científica”, “ciência das populações comunitárias” ou “sociologia da natureza”, (Enc. Mirador). Portanto, desassociada de uma prática crítica, o estudo da “ecologia” não promove a educação ambiental, que , como trata Maria Helena de Souza em Fundamentos da Educação, “Educação Ambiental tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária”(holística).
Diante de conceitos e definições tão claras e racionais como tudo em ciência , parece-nos óbvio a introdução da educação ambiental no currículo escolar, contudo será que conseguiremos êxito no propósito de ensinar educação ambiental. Nossa preocupação com esse trabalho de pesquisa de caso, foi tentar tirar a educação ambiental dessa visão pedagógica técnico - científica, justificacionista , segundo a qual o homem intervém na natureza , transformando-a , segundo suas necessidades orgânicas , materiais e sociais. Envolve-la numa perspectiva holística (holístico, do grego holos, totalidade, refere-se uma compreensão da realidade em função de totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas a unidades menores), termo ainda alienígena na educação formal. Utilizando-se da pesquisa qualitativa, (a pesquisa qualitativa, tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu maior instrumento. (Lodke e Andre em Pesquisa em Educação Abordagens qualitativas).
Assim, acreditamos que nossas primeiras experiências com educação ambiental alcançaram o êxito desejado, primeiro por tratar-se de uma prática diferenciada, onde procuramos enfocar as relações e inter-relações (interatividade) entre o ser humano, a natureza e o universo de uma forma multi e transdisciplinar, envolvendo-a sob a perspectiva de um saber holístico. Depois, porque Acreditamos que Educação Ambiental implica não apenas o acréscimo de conhecimento sobre o ambiente e sim uma mudança nas atitudes das pessoas. Que essa atitude tem de ser de respeito crítico sobre o ambiente que nos abriga. Só assim essa mudança de atitude levará inevitavelmente a uma tomada de posição. É a essa mudança de atitude, a essa tomada de posição em defesa da preservação do ambiente que nos referimos que aqui propomos chamar de consciência ambiental.
Ter consciência ambiental, mais que ter educação ambiental ou saber ecologia, é sentir-se inserido no ambiente, viver nele, ser o ambiente.
O termo “consciência”, aqui deve ser entendido não apenas como uma subjetividade da mente segundo seu conceito na psicologia tradicional, e sim, como o ato de conscientização, compreensão, tomar consciência do ambiente cósmico. Assim entendida a consciência será classificada como consciência pessoal - do - eu - racional , a consciência social - do outro - política e a consciência do meio - da totalidade - cósmica (holística), a consciência ambiental.
O antropocentrismo sempre esteve presente e arraigado na ciência elaborada. Se considerarmos o homem como parte do meio, haveremos de dizer que ‘ não existe influência do homem sobre o meio, ou do meio sobre o homem’. O que existe é uma influência racional (ideologizaste) do homem sobre o homem no intuito de interpretar o meio, para agir ou reagir diante dessas inevitáveis transformações que ocorrem no meio. O meio transforma- se a si mesmo. É inegável a afirmação que o meio condiciona o homem. Não queremos com isso defender a Teoria do Condicionamento de Pavlov no sentido estrito do conceito ensino-aprendizagem, referimo-nos como benéfico , ao condicionamento geral sofrido por qualquer espécie no seu meio, visando a perpetuação da espécie e prejudicial à espécie é o condicionamento não natural ou artificial. Ex.: ‘condicionar um pássaro numa gaiola’.
Em toda a História Natural, no que se refere a construção da civilização, o homem aparece sempre isolado, ou sendo isolado do seu meio natural , condicionado a viver em um meio artificial, ‘transformado por ele mesmo’. Ali passa a fazer ciência sob uma ótica antropocêntista e não da perspectiva do ambiente no qual esta contido, ou seja, uma ciência holística. Dessa forma, torna-se cobaia de si mesmo, ou para compreender suas influências sobre o meio ou para compreender as influências do meio sobre o homem. A esse conhecimento humano, elaborado entre paredes de um laboratório ou muros de uma fortaleza, chamamos de ciência fragmentária. Na educação seria como dizer que no ensino de 1o e 2o graus, disciplinas como ciências, geografia, física, biologia, história, psicologia, sociologia, etc., são coisas diferentes em si mesmas. O que é muito comum entre professores e alunos, ex.: O aluno: -- Mas isto é história, não é ciências professor. - O professor,: --Este assunto esta fora de minha área , sou professor de matemática e não de ciências. Na verdade todo o conhecimento que se aprende como Ciência ( Geologia, Geografia, Biologia, Química, Física, Psicologia, Etc. ), esta inserido no ambiente. Nesse caso todas são tomos do ambiente, métodos como a língua e a matemática servem para nos ajudar a interpretar e comunicarmo-nos sobre o ambiente.
Quando Aristóteles, a partir do método da observação e experimentação em laboratório, reconhece as escalas da natureza, passando a classificar tudo na natureza segundo sua ordem de complexidade ele cria o esboço do que viria a ser a ciência moderna. Uma ciência puramente racional e fragmentaria, dando a nosso ver, origem àquilo que viria a ser o grande obstáculo da compreensão do ambiente, ou seja, uma ciência não holística. Como não temos propostas para solucionar esse paradoxo científico, sugeriríamos a eterna convivência, como até então vimos fazendo, ou creditar a solução do problema a quem o criou, ou seja às “Academias de Ciências e Filosofia”, (o que seria pouco provável tão conservadoras que são).
No que refere-se a Educação Ambiental nas escolas, acreditamos que seu êxito , está vinculado em corrigirmos esta deformação na metodologia da disciplina de Ciências, o que no momento nos aparece possíveis através de três hipóteses:
· Introduzir uma nova disciplina no currículo escolar, com todos os conteúdos específicos de Educação Ambiental, o que a nosso ver só fragmentaria ainda mais a ciência.
· Introduzir conteúdos específicos sobre Educação Ambiental em cada uma das disciplinas dos cursos de 1o e 2o graus, (com adoção dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais, sob a égide dos Temas Transversais, essa situação começará a ser posta em prática no ensino fundamental a partir do ano letivo de 1999). O que não descartamos, mas não achamos de fundamental importância na resolução do problema, visto que a interdisciplinariedade é uma forma paliativa de maquiar o grande problema que é a compartimentalização do saber. Medidas como essas de “temas transversais” não ajuda a descompartimentalizar as outras disciplinas, e ao contrário acaba por compartimentalizar tópicos de educação ambiental. O ideal seria uma educação transdiciplinar , principalmente no ensino fundamental.
· “A terceira situação, a qual defendemos como mais viável, seria adequar o atual ensino de Ciências através de sua disciplina específica , ao princípio primordial da educação e da ciência, a nosso ver, o de inserir adequadamente o ser humano no ambiente”. Para isso, o primeiro passo seria alterar o nome da disciplina que no ensino fundamental se propõe a introduzir o jovem no mundo da ciência ou no ambiente, de ‘Ciências Físicas e Biológicas’ para quem sabe: ‘Iniciação Ambiental’, ‘Ambiente’ ou mesmo ‘Educação Ambiental’. Os conteúdos da disciplina permaneceriam os mesmos já que abrangem todos os campos da ciência, bastaria apenas adequá-los segundo um eixo temático próprio: o “Ambiente". Com novas metodologias e instruções didáticas e esse fim primordial: ou seja o de interpretar holisticamente o ambiente. Também se faz necessário rever os conteúdos das demais disciplinas de 1o e 2o graus , ligando-os a temas transdisciplinares, como saúde, bem estar social - cidadania - ética, etc. Assim como, rever e adequar (segundo uma ótica transdiciplinar) os currículos dos cursos que formam professores, principalmente nas área de Ciências Naturais. Assim, criando as condições para a desfragmentação da ciência, primeiramente no ciclo básico, acreditamos ser a premissa essencial para a construção de um conhecimento holístico. Quem sabe não seria essa a pedra filosofal para o êxito da Educação Ambiental?
II METODOLOGIA
2.1 Investigando em Educação
Gostaríamos que tudo fosse mais simples e o que já disseram sobre inteligência, educação e sobre meio ambiente, tivessem nos convencido a todos, a ponto dos problemas ambientais e educacionais não mais existirem. Não é o que vemos no dia-a-dia e em nossa prática pedagógica. Trabalha-se com teorias adaptadas , do tipo camaleão , que mudam seus modelos de acordo com as ideologias de plantão. Para nós, estão fora da realidade , pois, diante das evidentes e ameaçadoras alterações ambientais, sociais e políticas , causadas pelas enormes transformações ocorridas na biosfera , no ultimo século, elas não são capazes de apontar para um mudança de mentalidade rumo a construção de uma nova ciência, um novo saber, capaz de satisfazer as novas exigências qualitativas em educação da sociedade contemporânea e reverter o atual quadro catastrofista , apontando para a construção da nova sociedade do 3o milênio.
Diante de um quadro histórico que, mostra uma evidente estagnação e ineficiência dos modelos atuais de educação, em apontarem caminhos possíveis para um desenvolvimento, sustentado na tenologia e na consciência ambiental, é que nos permitimos divagar um pouco , colocando as coisas como as vemos , pensamos e sentimos.
A partir das observações por nós realizadas nesses anos de magistério como educador. Tanto observações em sala de aula , como em laboratórios ao lar livre, como costumamos denominar as incursões com nossos alunos ao ambiente natural, passamos aventar hipóteses que apontavam para uma possível e nova teoria sobre inteligência humana que privilegiasse não apenas a consciência pessoal - do eu, nem só a consciência política - do outro - da sociedade, mas sim a consciência do todo - holos - a consciência do ambiente. Assim, entendendo que o meio (local onde o ser vive, nasce, cresce, reproduz-se e morre), foi e é o fator primordial para a construção do conhecimento humano, passamos a privilegiar o ambiente natural como o meio em nossas pesquisas de educação. A partir desse pressuposto é que fomos buscar apoio nos autores que destacam a importância dessa questão, e encontramos em WILSON ( 1977) expresso no livro: Pesquisa em Educação - abordagens qualitativas de Ludke, M. e André,M., cuja teoria coloca as seguintes hipóteses sobre inteligência humana: na hipótese naturalista- ecológica, afirma ser o comportamento humano, portanto a inteligência, influenciada pelo contexto em que se situa. Nessa perspectiva qualquer tipo de pesquisa que desloca o indivíduo de seu ambiente natural está negando a influência dessas forças contextuais e em conseqüência deixa de compreender o fenômeno estudado em sua totalidade. Assim como a hipótese qualitativo-fenomenológica , que determina ser quase impossível entender o comportamento humano sem tentar entender o quadro referencial dentro do qual os indivíduos interpretam seus pensamentos , sentimentos e ações. De acordo com essa teoria, o pesquisador (no caso professor e aluno) deve encontrar meios para compreender o significado manifesto e latente do comportamento dos indivíduos, ao mesmo tempo que procura manter sua visão objetiva do fenômeno. Assim o pesquisador deve exercer o papel subjetivo de participante e o papel objetivo de observador, colocando- se numa posição impar para compreender e explicar o comportamento humano, (no caso de nosso trabalho seria provar que as ações resultantes de nossas percepções sensoriais é que levam a construção do conhecimento holístico).
Foi com essa perspectiva que procuramos com esse trabalho desenvolver pesquisas de cunho teórico utilizando-se do método científico do Estudo de Caso, fundamentado no trabalho de Ludke e Andre - Pesquisa em Educação abordagens qualitativas, sobre a pesquisa etnográfica e o estudo de caso. Onde através da observação, procuramos explorar ao máximo situações que nos envolveu e a nossos alunos durante os trabalhos de aplicação das novas metodologias nos conteúdos programáticos do curso de Ciências do 1o Grau - disciplina de Ciências Físicas e Biológicas - durante o ano de 1997/98.
Sob a alegação da urgentíssima necessidade da introdução de novas práticas pedagógicas para promover a alfabetização científica e despertar a consciência crítica do ambiente no qual vivemos, visando reverter o crítico quadro apocalíptico de ameaça de destruição da Biosfera, assim, o principal teor desse trabalho é comprovar ou descobrir novos dados sobre as hipóteses por nós levantadas, no intuito de desenvolver a consciência ambiental no educando através de um conceito de inteligência que privilegie extremamente os neurônios sensoriais no ato ensino-aprendizagem.
Embora a complexidade do tema exigisse o contrário à consistência simples de nosso trabalho, deve-se ao fato de tratar-se de uma monografia de um curso de especialização de um professor da educação pública brasileira, com todos os seus atributos. Que não se propôs a pesquisas mais aprofundadas, por não dispor de tempo, instrumental, e também, por não ser nenhum tratado antropológico da inteligência humana , e sim uma pesquisa na área de educação. Que tem como premissas básicas levantar hipóteses e apontar possíveis soluções para os problemas ambientais, através de metodologias alternativas que priorizem a livre relação do educando , seus sentidos e sentimentos com o ambiente natural, para que assim, este compreenda as relações e inter-relações que se dão no ambiente que o envolve. Por isso, dentre as hipóteses aqui levantadas, mesmo haja nelas alguma base dentro do que chamamos pensamento científico, tudo carece de mais informações , pesquisa e sistematização.
“Assim, pensando o que sentimos e sentindo o que pensamos, esperamos estar expressando a esperança de continuar a aprender sempre para o bem da humanidade”.
III FUNDAMENTAÇÃO
PROPOSTA DE UMA VISÃO HOLÍSTICA EM CIÊNCIAS PARA O ÊXITO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
3.1 A Interatividade no ambiente natural como processo de construção da Consciência Ambiental
Conforme a pedagogia Walloniana que, considera que o sujeito construi-se nas suas interações com o meio: “Wallon propõe o estudo contextualizado das condutas infantis, buscando compreender em cada fase do desenvolvimento , sistemas de relações estabelecidas entre a criança e o ambiente”, GALVÃO,l em (Henri Wallon - Uma Concepção dialética do Desenvolvimento Infantil), e sendo o ambiente natural um meio ótimo e possível para que ocorra esses sistemas de relações ou interações , então , não se pode abrir mão dessa possibilidade. Considerando-se a interatividade o processo pelo qual passa a verdadeira aprendizagem, acreditamos ser ela a chave para a compreensão dessa visão de totalidade que aspiramos.
Em Teoria Geral da Interatividade (NASSER-J.M.), a “interatividade” pode ser definida como “o atributo de duas entidades que se relacionam”. Tendo a interatividade como processo de construção dessa consciência holística ( holístico - do grego holos , ‘totalidade’ , refere-se a uma compreensão da realidade em função de totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas a unidades menores ), que almejamos alcançar sobre o ambiente, devemos levar em conta principalmente o meio onde essas entidades entre si e com este vão interagir. A interatividade depende mais dos sentidos que da razão. Numa sala de aula o aluno interage com o ambiente que o cerca, nesse caso com exceção dos colegas e do professor, esse ambiente (sala de aula tradicional), é artificial, (entendendo-se ambiente artificial, como aquele transformado pelo homem, não natural). Como resultado essa interação gerará atributos artificiais. Para construção do saber holístico, do ponto de vista da aquisição da consciência ambiental, toda interatividade artificial , (com objetos artificiais ou em meio artificial) é negativa. Só pode haver interatividade positiva, quando os dois objetos que entre si e com o meio interagem, façam parte desse meio. Entre homem e máquina, só pode haver uma interatividade não natural, portanto negativa. Toda interatividade negativa não pode ser suportada pelo organismo por longos período de tempo sob pena de provocar sérios distúrbios orgânicos e emocionais (estresse). A única interatividade salutar do ponto de vista do equilíbrio orgânico do ser é aquela que ocorre entre homem e meio natural. Acreditamos ser o aprendizado através da interatividade negativa, fator gerador dessa ética civilizatória ocidental no mínimo discutível, ou seja, valores humanos baseados apenas no ter e no poder, abdicando o ser e o saber.
Se propomos compreender o ambiente natural , então nossos alunos deveriam interagir também e preferencialmente com e nesse meio . Um exemplo didático embora não ecológico: “é como ensinar informática , sem usar o computador”. Ou, um exemplo filosófico: “é como ensinar o que é a cor vermelha a um cego de nascença”. O que quero dizer é que a interatividade possível de nos levar a compressão dessas relações ambientais só é possível fora desse meio (sala de aula), onde ocorre o ensino aprendizagem tradicional. Na verdade, essa compreensão independe de conhecimento científico, ou seja do saber elaborado, digamos que ela relaciona-se ao universo místico do ser humano, é o sentir, mais como se ter fé. Pôr isso é tão comum admirar-se dos índios pelo amor-devoção que sentem e dedicam à natureza. Os índios, embora nunca tenham lido um livro ou adquirido qualquer conhecimento científico formal, compreendem as relações que se dão no ambiente. Essa é a diferença: Eles vivem inseridos no ambiente , são o próprio ambiente natural.
O homem quando em seu meio natural, tem os mesmos predicados que o homem urbano ou civilizado. Possui razão e sentidos e os usa de forma natural sem dar preferência a um ou outro. Recorrendo a filosofia platônica, poderíamos dizer que esse indivíduos (os índios) não se alienaram, nem ao mundo das idéias, nem ao mundo dos sentidos. Diferente é o homem ocidental dito civilizado, que seguindo sempre a marcha do progresso, seguem também as ideologias de plantão. Ora sucumbem ao mundo das idéias (apriorismo radical), ora naufragam no mundo dos sentidos (empirismo radical). Todas as ideologias ocidentais, sem exceção, são calcadas no racionalismo de Platão, Descartes e Leibniz, até porque o termo “ideologia”, refere-se a um conjunto de idéias que não se revelam na realidade, apenas na mente humana. Aristóteles, que pôr assim dizer valorizou os sentidos ou seja a natureza, apenas organizou as idéias para interpretar os sentidos, mas sempre segundo uma lógica racional. Usou os sentidos apenas para valorizar a razão. Todo o pensamento empírico derivado de Aristóteles, passando por Locke, Hume e Kant, não conseguiriam realizar uma Epistemologia do pensamento humano se não utilizassem as asserções “a priori” (racionalista) . Mesmo conhecendo a importância da razão na evolução da espécie humana, como educador, tenho que reconhecer, que ela também tem levado nossa espécie a verdadeiros becos sem saída. Toda vez que o homem se apropria da razão, isto é se civiliza, se urbaniza. Parece precipitar para o fim. Veja o quadro da História Universal. Afinal, porque as grandes civilizações do passado desapareceram? O que havia de errado com elas que não deram certo? Será que foi o modo e o meio a partir da qual seu pensamento racional evoluiu? Será que valorizaram muito essa inteligência racional? E nós, será que não valorizamos ao extremo o nosso pensamento racional científico? Até o momento, nossa civilização teve mais sorte, a ponto de tornar o Planeta uma só aldeia, o que também parece ser muito perigoso para a sorte do Planeta.
Diante do atual quadro vivido pela Biosfera, o que não é o caso de especificarmos aqui, resta nos questionar se esse modelo de inteligência desenvolvido pelo homem tecnológico é satisfatório. Será que o homem teria desaparecido enquanto espécie se não tivesse desenvolvido a razão? Será que só homem é inteligente? E as outras espécies, não possuem alguma forma de inteligência? Algumas em matéria de sobrevivência parecem até mais inteligentes que o homem. Como se explica o fato de manterem-se vivas, perpetuarem-se enquanto espécie e adaptarem-se ao meio? É necessário que, principalmente nós educadores façamos uma releitura da ciência desde os seus primórdios: do homem coletor - predador primitivo ao homem tecnológico (depredador), das primeiras comunidades naturais, até nossa civilização das grandes metrópoles artificiais. Haveremos de entender que independente de qualquer filosofia ou ideologia, o homem sempre fez ciência. Mesmo quando no passado, o homem separou Deus da Natureza, colocando- o sobre todas as coisas e desprezando a segunda, ele fez ciência. Só hoje, talvez tardiamente, quando ele redescobre a unidade entre Homem - - Deus - Natureza ele reaprende que a verdadeira ciência o homem só faz quando a natureza diz sim, e até o presente ela quase sempre tem dito não.
Não existe homem sem razão. Não existe vida sem sentidos. Todos os seres vivos pôr mais simples que sejam devem possuir algum tipo de sentido. - Poderíamos dizer algum tipo de inteligência? - Caso contrário não existiriam. Se somos sabedores que tanto razão (idéias inatas), quanto a experiência são importantes na constituição do ser humano, então porque privilegiar um em detrimento de outro? A única possibilidade de construirmos o conhecimento holístico é unindo razão e sentidos. A ciência não é gaia nem é geia antes ela é Paidéia. Por tudo isso tente não privilegiar com excesso a razão, deixando espaço para que nossos alunos sempre em contado com o meio natural, possam assim, fazer pleno uso de seus sentidos em interatividade plena com seu meio natural.
3.2 Que relações pode haver entre Educação Ambiental e os Órgãos Sensoriais?
Se analisarmos a ‘Educação’ sem as variáveis ideológicas, antes de tudo será concebida como o processo de adaptação do homem ao meio ambiente. - Pois, se entendemos que é nesse meio que ele nasce, deverá adaptar-se , cresce, reproduz-se e morre. Sendo a ‘Ecologia’ definida como o estudo das relações que os seres vivos mantêm entre si e com o ambiente em que vivem". E se ‘Educação Ambiental’ implica conhecer as inter-relações que ocorrem na natureza. Sendo a disciplina de ‘Ciências’ a responsável pela compreensão, apropriação e transmissão das leis que regem todos os fenômenos da natureza. Então chegaremos a conclusão que ‘Ciências e Educação Ambiental’ tratam-se da mesma coisa , pois ambas trazem em si a mesma finalidade: a compreensão do ambiente ou seja, da natureza.
Sendo possível vermos ciência como ambiente e ambiente como ciência. Então porque não se traduz na prática das pessoas os conhecimentos adquiridos sobre a natureza? Quem mais deteriora a natureza, são grandes empresários, muitas vezes assessorados por técnicos de nível superior e até cientistas. Pessoa essas, que não podem eximir-se de não saber ciência, conhecer a relações e inter-relações que ocorrem no ambiente e muito menos de conhecer as leis ambientais. Parece-nos então que só o fato de conhecermos as leis não implica que iremos respeitá-las? Sabemos que não é assim em nenhum setor da sociedade. Caso fosse assim, não haveria pôr exemplo tantos infratores das leis de trânsito. No trânsito pôr exemplo, haveria dois caminhos para diminuir o número de inflações: A consciência do perigo do trânsito (direção perigosa), através do medo da morte ou do amor pela vida ou pela repressão através da severidade das leis (multa ou pena). A cada ano que passa vemos aumentar o número de inflações de trânsito, significaria Isso que todas as leis assim com todas as companhas nos meios de comunicação pôr mais interativas que se digam, não funcionam? Se assim for, também em Ecologia só o fato de conhecermos as relações ecológicas (leis naturais), não implica que iremos respeitá-las, ou mesmo compreende-las como imprescindíveis à nossa existência. Para que haja a compreensão é necessário que haja total interatividade entre homem e meio. Como em educação a interatividade promove a consciência holística, também em ecologia a interatividade leva à consciência ambiental. Parece- nos então que para que haja o respeito é preciso que haja a compreensão (e compreender é mais do que saber) para a qual é fundamental a total interatividade entre homem e meio. Como na Educação, a interatividade promove a consciência holística, também em Ecologia a interatividade promove a consciência ambiental. Com isso queremos dizer que educação ambiental e consciência ambiental são coisas diferentes, ter uma, não implica necessariamente ter a outra.
Supõe-se que ninguém melhor que os cientistas deveriam conhecer os possíveis impactos de suas pesquisas e inventos sobre o ambiente, coisa que de fato não ocorre, como exemplos citamos as invenções: splays de CFC, dinamite, explosivos plásticos, bomba atômica, guerra química, armas nucleares, etc.). Já ao contrário, um índio que nunca estudou essas relações, as compreende melhor que qualquer cientista. Ninguém faz ciência melhor que o índio, quanto ao respeito que este têm pelo ambiente em que vive. Ciência é antes de tudo consciência ambiental que, diferente da ciência acadêmica ou da educação ambiental, esta não depende de nenhum conhecimento pré elaborado. Esse conhecimento, trazemos conosco desde Géia. Essa é a verdadeira ciência, não apenas aquela elaborada pelo pensamento racional. Essa ciência existe independente de nós. Esse conhecimento está implícito na própria matéria, mora dentro de todo ser, vivo e não vivo. É esta ciência holística que devemos ressaltar, fazer vir a tona em nós. Antes de ser razão a ciência foi sentidos. Hoje, a ciência deve ser sentidos mais razão. Há coisa que nós não sabemos mas sentimos ,isso também é ciência! De nada adianta saber aquilo que não se consegue sentir. Mas sabemos agora que ciência é também o saber que o homem ainda não dominou, pois independe disso sua existência. Ciência é aquilo que um velho índio sente, põe em prática em sua vida , mas que nem pôr isso conhece alguma das leis que regem tais fenômenos, a não ser a fundamental: “a lei da vida”. ‘Haveremos de manter esse Planeta vivo se ainda tivermos tempo nem que seja pela última vez de mudarmos nossas concepções filosóficas de vida , como vive-la e como preservá-la’.
3.3 O que vem a ser Inteligência Genético Sensorial?
Entendendo ser a interatividade fator essencial na formação da inteligência, e sendo essa interatividade todos os sentidos inteligíveis resultantes entre a ação e o objeto da ação, do ser que interage. A extrema valorização que procuramos dar ao sentir (resultado do ato de agir, externado através da emoção), nesse trabalho, resultaria da interatividade (processo pelo qual o ser constrói o conhecimento), estar vinculada diretamente aos órgãos dos sentidos (visão, tato, paladar, olfato , audição, etc.), através dos neurônios sensoriais. Procuramos pesquisar trabalhos científicos da área da inteligência e do conhecimento que valorizem os sentidos (órgãos sensoriais) no processo se construção do conhecimento e na fundamentação das atuais teorias sobre as estruturas da inteligência, na tentativa de nos conciliar com as hipóteses e teorias já existentes, mas, pouca coisa encontramos.
Por considerar o meio (ambiente) como sujeito maior das interações com nossos sentidos , buscamos nas escolas psicológicas hipóteses que destacam sua importância na formação do conhecimento. Segundo a concepção funcional (Dewey e Angel), a inteligência deve ser entendida como a capacidade da adaptação do indivíduo ao meio, e CLARARÈDE (defensor dessa escola), em sua pedagogia coloca a inteligência como sendo a “capacidade do ser de resolver problemas novos pelo pensamento”. Sendo a base dessa teoria pedagógica a psicologia empírica de Lucke, Berkeley e Hume, neles como na maioria dos autores dessas escolas, há uma valorização da experiência para se atingir o conhecimento, embora deixem claro que a inteligência localiza-se no sistema nervoso central (cérebro). Talvez influenciados pelos anatomistas dos primeiros séculos que claramente confundiam a inteligência apenas como ato de pensar - pensavam que esta se exteriorizava apenas através da razão ou seja do pensamento racional. Também na Epistemologia e Psicologia do Pensamento de PIAGET, em sua ‘Estruturação do Pensamento Racional’, coloca-se a inteligência como sendo um processo apenas de ordem mental, ou seja coloca a mente ou o raciocínio como única coisa ‘capaz de compreender a interação entre o objeto e a ação’, que a nosso ver acaba também por submeter essa interatividade a razão: “é por meio da interação com o meio que o sujeito constrói suas estruturas mentais e seu conhecimento, sendo ambas indissociáveis” - (Piaget), é nisso discordamos, por achar que a interatividade da ação esta mais relacionada ao sentir do que ao pensar. Para nós a inteligência faz parte do processo vital, sendo a própria capacidade do ser em interagir (executar uma ação). Na qual a razão, ou seja o pensamento , seria apenas uma nuança de todo o processo, independendo assim a ação da razão.
BION,W.R., psicanalista inglês acreditava que só é possível o aprendizado , através da experiência, de aprender através da experiência . “podemos chamar a experiência de “ações de interação”. A experiência é o encontro do mundo interno (que é o de desejos) com o mundo externo (que é feito de realidade). Ou é o encontro do “eu" e o “outro”, uma planta, um animal, uma montanha, um ecossistema, ou outra pessoa. Se desse encontro surgir um sentido (um aprendizado), então seremos capazes, na opinião de Bion, de alavancarmos os aspectos sadios da personalidade, expandirmos a mente pensante e utilizarmos amorosamente a parte psicótica da nossa mente que sempre nos acompanha”, extraído de Teoria Geral da Interatividade - NASSER, J.M. Acreditamos que Bion se aproxima muito daquilo que queremos entender por inteligência , quando relaciona o ato de aprender a ‘ações de interação’, estando a expansão mental citada, relacionada a esse saber holístico, resultado da experiência de máxima interatividade. E este não seria outro senão o ‘insight’ cognitivo, isto é, a compreensão interna das relações essenciais e no que se refere ao ambiente, seria a ‘consciência ambiental’, atingida quando o ser relaciona-se em interatividade máxima com o meio.
Essa “consciência ambiental” de que tratamos é algum tipo de ciência (saber), que independe desse conhecimento acadêmico formal. Depende sim, de um conhecimento interior, um auto-conhecimento - interno não externo. Ela ocorreria noutro nível estrutural ou tipo de inteligência , diferente dessa que elabora raciocínios lógicos, armazena informações, ou seja, da chamada inteligência racional. PIAGET (em sua Psicologia Genética) quando trata dos estádios de desenvolvimento da inteligência racional, em seu primeiro estádio, o do nível cognitivo dos esquemas reflexos da inteligência sensório-motora: ’’Na medida em que uma estrutura implica a existência de um certo equilíbrio dos intercâmbios cognitivos do sujeito com o mundo que o rodeia, esta condição vale postular que a nova postura da lugar a um equilíbrio, isto é, permite intercâmbios mais ricos e variados.”(PIAGET - Psicologia genética), ele chega muito próximo do que propomos entender como ‘inteligência genético’, pois nessa fase a criança reflete uma inteligência que já nasceu com ela. Por isso não existe muita diferença entre recém nascidos de diferentes espécies de primatas, assim como também são muito semelhantes os embriões entre os mamíferos. Piaget discorda de serem as estruturas mentais pré-formadas , ou seja programadas pelos genes, e nos estádios seguintes de sua teoria: ‘o pré operatório , o das operações concretas e o das operações formais’, deixa de valorizar a importância dos sentidos na formação da inteligência, pôr achar que já está constituído o núcleo do pensamento racional sobre o qual elabora sua Epistemologia do pensamento.
Considerando que a ‘consciência natural’, independe do pensamento racional, e de qualquer saber elaborado, e sendo ela de fundamental importância na constituição do conhecimento instintivo ou relacional na espécie, portanto, na formação da inteligência, ou de um tipo de inteligência, propomos então nomear de ‘inteligência genético, ou genético inteligência’, essa consciência que o ser humano possui ou adquire espontaneamente sobre a natureza. Sendo a terminologia genético por acreditar que ela ocorra no interior de todas as células, sendo transmitida através do genótipo da espécie, (daí deriva-se o nome). De forma que todo tipo de vida é inteligência, sendo a genético inteligência própria da célula, aquela que faz a espécie manter-se viva, perpetuar-se. Segundo PIAGET - “... a carga genética estabelece o potencial racional do indivíduo, que pode ou não desenvolver- se...”, a psicologia genética piagetiana estuda as origens ou seja a gênese da inteligência. A uma fase posterior a inteligência genético nomeamos de “inteligência genético sensorial“ ou “inteligência sensogenética”, esta seria uma evolução da primeira, e se desenvolveria nos que já apresentam células especializadas o bastante para desempenharem função de interpretarem o mundo, o ambiente: os axônios ou células sensoriais. A inteligência genético sensorial seria uma evolução da primeira, aparecendo nas espécies que evoluíram o bastante para apresentarem um sistema sensorial ou algum órgão de sentido. Essa inteligência genético sensorial localizar-se-ia nas células sensoriais, de onde partiriam as informações produzidas e já decodificadas ao nível das sinapses, rumo ao cérebro, (quando este existir) através dos músculos do sistema motor (ex.: experiência de produção de eletricidade no músculo da rã). Assim todo neurônio sensorial ( axônios) caberia armazenar informações e fazer a transdução. Seria como se cada célula sensorial fosse um micro-chip (ou um pequeno cérebro), capaz por si só de decodificar as impressões do meio e traduzi-las de forma inteligente. Podendo adquirir maior ou menor importância de acordo com o grau de especialização adquirido pelo órgão de sentidos na espécie. Assim, nos quirópteros (morcegos), se comparado a outros mamíferos apresenta pequena capacidade craniana e pouca visão, sendo sua inteligência genético sensorial desenvolvida principalmente ao nível do sistema auditivo (eco-localização).
No ser humano, a inteligência genético sensorial teria papel importante na fase preliminar de adaptação do homem ao meio.
Segundo essa hipótese, durante sua evolução o homem teria desenvolvido de forma equilibrada diversos órgãos de sentidos, o que o possibilitaria de ‘múltiplas inteligências’, (modelo de GARDNER, H.). Supostamente em um determinado momento de sua história evolutiva , de forma expontânea ou não, ele passou a dar preferência a racionalidade, ou a faculdade do raciocínio em detrimento das demais.
Diferente da inteligência dita racional, a inteligência genético sensorial, não seria um sistema fechado , pois faz parte do meio, sendo sua origem anterior a célula ovo, ou seja a proto-célula, (DNA+Coacervado). Para compreender suas estruturas seria necessário muitas e exaustivas pesquisas mas, em sendo um sistema aberto, ‘o próprio ambiente’, segundo a concepção sistêmica (Sistema: reunião, grupo - um conjunto de elementos interligados, coordenados entre si e que funcionam como uma estrutura organizada) , seria pouco provável que seus níveis de regulação se atenham aos das estruturas cognitivas de Piaget - (sistema fechado localizado no córtex cerebral, próprias do pensamento racional), cabendo ao ambiente, ’meio externo’ em interatividade com o ‘meio interno’ (o metabolismo celular), sua regulação e equilíbrio. Sendo esse processo desenvolvido ao nível da sinápses, “Sinápse - ligação entre neurônios, mas também entre neurônios e outras categorias celulares onde ocorrem a passagem dos sinais conduzidos através de processo eletro-químico”, sendo possível então que a inteligência genética sensorial e sua evolução seja explicada segundo a Teoria da “epigênese por estabilização seletiva". Teoria segundo a qual, o aprendizado se dá através das sinápses realizadas ao nível do conjuntos das células nervosas de acordo com uma “instrução do meio ambiente”. Ou seja a cada ação ocorreriam diversas sinápses, “formando uma combinação de conexões ao longo do sistema nervoso". O resultado da ação ou seja o como a ação é sentida pelo indivíduo é que determinaria a aprendizagem. Assim a aprendizagem (não confundirmos com memorização) , seria o ato de armazenagem dos resultados das ações sinápticas nos genes do conjunto de células nervosas que sofreu a ação ou que recebeu a informação de outra categoria celular e no genoma da espécie. Assim a aprendizagem só se dá quando o indivíduo armazena a ação sináptica ou seja quando a interação é relevante para o ser. Como a cada ação ocorrem milhões de sinápses, apenas as novas ações são relevantes, sendo as outras eliminadas, “assim, para entendermos o que é ser vermelho, precisamos vê-lo pelo menos e apenas uma vez”. Assim, para CHANGEUX , aprender é também eliminar: “A epigênese exerce a sua seleção em disposições sinápticas pré-formadas. Aprender é estabilizar combinações sinápticas preestabelecidas e eliminar outras”. (CHANGEUX, J.P.- O Homem Neuronal).
Acreditamos não tratar-se de uma inteligência primitiva superada pela inteligência racional , sendo o homem desde sua origem portador da inteligência genético sensorial . Supostamente o que teria havido é que em determinado momento histórico o homem passou a desenvolver o raciocínio. Para Wallom, contestador do pensamento de Levi-Bruhl, que em seus estudos antropológicos ‘comparou a mentalidade da sociedade atual com a de sociedades primitivas, atribuindo racionalidade a primeira e à segunda irracionalidade aproximando assim o pensamento da criança atual ao do homem primitivo, classificando ambos como pré-lógicos.’ Wallom contesta essa posição e identifica nos mitos uma tentativa racional de explicar o real. Assim , afirma ser todo o pensamento, tanto primitivo quanto lógico expressão da razão. Podemos assim, separar claramente o que é inteligência sensível (realidade) e inteligência racional(imaginária-pensamento). Já não é tão evidente que apenas o homem e nenhuma outra espécie possui o que chamamos de ‘raciocínio” - resolução de problemas adaptativos. Experiências com cefalópodes (polvo), mostraram que algumas espécies são capazes de em poucos segundos abrir um vidro com tampa rosqueada e dali retirar o alimento. Portanto não podemos mais afirmar que as outras espécies são desprovidas de inteligência. Donde podemos concluir que inteligência não é apenas pensamento e nem localiza-se apenas no cérebro , embora a este se destine a importante tarefa de analisar o estímulo e devolver a resposta para o sistema nervoso (neurônios sensoriais) que traduz a percepção armazenando ou não a mensagem, dependente de uma seleção prévia (segundo teoria da epigênese seletiva), no gene da(s) célula(s) que sofreu a ação.
Acreditamos que no homem, essa inteligência genética sensorial nasce com o indivíduo, pois, está em sua bagagem genética desde o aparecimento do proto-homem. Desenvolvendo-se aceleradamente até aproximadamente os dois anos de idade (estádio sensório-motora de Piaget), e a partir daí passaria a ser reprimida pelas próprias condições ambientais, sociais e antropológicas onde esta criança passa a ser criada. Ou seja até os dois anos, estádio sensório-motora a inteligência é cognitiva. Cognitivismo, teoria de AUSUBEL, David , segundo a qual a aprendizagem é o resultado da comunicação (interação) com o meio, e se acumula sob a forma de uma riqueza de conteúdos cognitivos. A partir do estádio sensório-motora, quando a criança inicia seu contato racional com o meio, ela passaria a ser condicionada , (Teoria da Reação Condicional de PAVLOV ), segundo a qual, o tipo do meio e as condições do ambiente é que irão dizer que tipo de inteligência o indivíduo irá desenvolver.
Como exemplo, de como atua os sentidos na formação da inteligência genético sensorial, imagine-se num quarto escuro, onde você não possa usar qualquer órgão dos sentidos podendo usar apenas sua inteligência racional. Procure descrever agora o ambiente desse quarto. O que você diria? - Nada. Você nada sabe sobre ele, a não ser que apenas é um quarto. Imagine agora se você puder tocar na parede , poderá dizer que sua textura é macia, se você cheira-la dirá: cheira tinta. Se você toca-la com a língua dirá: que a tinta tem um sabor cáustico, se você liberar os ouvidos entenderá que essas paredes são finas o bastante para deixar que penetre o ruído da rua. Se você abrir os olhos vera que essa parede é branca, e que o quarto está iluminado, outros sentidos de dirão ainda que a temperatura e a luminosidade do ambiente são agradáveis. Essas informações são suficientes para uma tomada de decisão sobre permanecer ou sair da quarto, transformado. Sendo esta forma de inteligência ligada aos órgãos dos sentidos, manifesta-se no ser humano toda vez que este interage diretamente no meio que o envolve. Assim , quando PIAGET afirma: “Efetivamente, só conhecemos um objeto atuando sobre este e o transformando (da mesma forma que o organismo só reage face ao meio assimilando-o no sentido amplo do termo)”. Sobre a inteligência genético sensorial, diríamos: “Só se conhece um objeto interagindo com ele no meio do qual ambos fazem parte, não necessariamente transformando-o, mas sempre sendo transformado”.
3.4 Desenvolvimento da Inteligência Genético Sensorial Alienação Sensorial x Consciência Ambiental
Sabemos o quanto é importante para a humanidade a preservação do meio ambiente ou ambiente natural. Então o que ocorre com os seres humanos, que não tomam uma posição, não reagem ao desastre iminente do Planeta. Falta informação ? - Sim . falta educação? - Sim. Mas se falta informação e educação, então porque os nossos índios que estão fora do contato com nossa civilização, vivendo no habitat natural da espécie Homo sápiens sapiens, não destroem a natureza.
O desenvolvimento da inteligência genético sensorial é fundamental para a preservação do ambiente em que vivemos, ou seja : a biosfera, o sistema solar, o universo . É possível que essa inteligência de que tratamos seja a mesma que alguns povos pré colombianos das Américas desenvolveram ao extremo, possivelmente mais que a razão, sendo os atuais povos indígenas aculturados seus remanescentes e as tribos indígenas seus parentes. Por isso sempre citamos os índios como exemplo). Infelizmente foram destruídas e apagadas qualquer possibilidade de recuperar a forma de inteligência daquelas culturas. Ocorre que o homem moderno, urbano, industrial, perdeu completamente o contato com sua origem ou seja com o ambiente natural. A partir da urbanização da sociedade ele paulatinamente foi se distanciando mais do ambiente natural, passando a viver, relacionar-se e interagir apenas com os ambientes transformados pôr ele. Ocorre que o ambiente natural é a única fonte onde o homem pode buscar essa inteligência genético sensorial. A interatividade do homem com a natureza transformada, quase sempre leva a alienação. Depende do quanto o homem se entrega a esse mundo sensorial sintético, artificial. Enquanto o contato do homem com a natureza, desperta nele essa inteligência genético sensorial adormecida e pode vir a tona facilmente, através de uma relação lúdica do ser humano como uma lembrança que volta de seu proto ambiente natural. Sabemos da importância dos exercícios físicos para a musculatura do organismo. Assim também a ginástica sensorial (ativação dos nossos órgãos dos sentidos é importante para o desenvolvimento da verdadeira inteligência e da saúde mental: Um passeio no campo, um jogo teatral num ambiente natural, respirar ar puro, pássaros, arvores, banhos de cachoeira, meditação). Quanto mais consciente o ser humano tiver dessa sua perda, mais fácil será recupera- La. Trabalhar educação ambiental, antes de tudo é possibilitar os jovens um retorno ao seu proto ambiente natural. De uma forma controlada e consciente. Porem livre e desobrigado de qualquer saber elaborado sobre as relações que ocorrem no ambiente.
Adquirida essa consciência ambiental, ou seja quando o ser recupera o mínimo dessa inteligência genético sensorial, poderíamos dizer, quando ele reaprende a usar os sentidos, na sua forma correta ou seja na interatividade com o meio natural, então ele esta pronto para a alfabetização científica. Essa sim prescinde de saber elaborado. É possível que um indivíduo saiba muito sobre ciência, mas é imprescindível que ele adquira a consciência ambiental para que o mesmo possa considerar-se alfabetizado cientificamente.
O homem sempre amou a natureza, ou qualquer coisa segundo seus próprios interesses, assim o guri, vê o ambiente natural como um lugar aprazível para nadar e pescar se um rio, caçar, coletar frutos e sementes se uma floresta, exatamente como nossos ancestrais. Já o lenhador a vê como uma pilha de lenha a ser queimada, o marceneiro a vê bela arvores como uma porção de cadeiras e guarda-roupas, o agricultor vê o bosque como um bom lugar para plantação de cereais, ou uma bela pastagem. Não era diferente a maneira como um professor encara o ambiente natural: Como a grande fonte de recursos naturais da humanidade: água, ar, minérios, plantas, biodiversidade, etc. (Porém nesse termo “Recursos Naturais” esta implícito o uma idéia de reserva de ordem econômica para futura exploração pela humanidade). É claro, muitos vêem mais, outros vêem menos que isto. É como a visão que nos passava um antigo professor de Geografia quando se referia a floresta Amazônica: “A hiléia brasileira”, “o inferno verde” , “o pulmão do mundo” , “a maior reserva de minérios do mundo. É assim : através de frases condoreiras, constituiu-se essa visão rasteira sobre a Amazônia e pôr extensão e analogia a outros ambientes e agora na era da “globalização”, da Biosfera.
Talvez uma experiência pessoal sirva para ilustrar melhor o que queremos transmitir: “Foi fora do ambiente acadêmico que acreditamos ter adquirido isso que em nosso trabalho propomos chamar de consciência ambiental, e aqui denominamos de: ‘uma aceleração de nossa inteligência genético sensorial’. Ou como quer Bion, uma ‘expansão mental’, ou o famoso ‘insight’ da teoria cognitiva , ou a ‘eureka’de Arquimedes, embora acreditamos estar mais para a ‘iluminação’ budista. Já como professor, para eliminar o estresse tão comum em nossa profissão, começamos a praticar caminhadas pela mata, algo que sempre nos atraiu , mas confesso que tínhamos um certo receio (medo). Afinal somos educados segundo a visão ocidental de homem urbano. Para a qual a selva sempre representou um perigo iminente (doenças, feras, mosquitos, etc.), alem dos mitos e lendas indígenas, como a do espírito da floresta que a tudo espreita ameaçando àqueles que a adentrem. Foi nesses passeios, que passamos a refletir, pensar, meditar, entrar em sintonia com a natureza”. Queremos crer que esses retornos ao proto-ambiente natural, nos faça recuperar algo dos sentidos que perdemos ou abandonamos pelo desuso, resultado do próprio processo civilizatório. Embora leva-se algum tempo para se readaptar, nesse ambiente nosso estado de vigília é muito menos estressante, e nesse estado homeopático com a natureza, a cada coisa diferente que se observa: uma folhagem, uma flor, um pequeno inseto, o barulho de uma cachoeira, o silêncio das matas, a trilha de um pequeno animal, o cantar de um pássaro. Essas coisas simples, que só podem ocorrer numa floresta, num bosque, ou seja, no meio natural, fora de qualquer ambiente transformado pelo homem. Esse ambiente sensorial, palco de tantas influências e intercâmbios, faz com que transformações sutis ocorra no interior do ser, modificando nossa percepção sobre o meio. É essa alteração de ordem interior, natural, não provocada, que faz com que compreendamos melhor as relações vitais que ocorrem durante todo o tempo ao nosso redor. Dando um sentido mais verdadeiro a essa capacidade implícita no homem de se fazer ciente do mundo que o criou e que o abriga.
Acreditamos que um aprendizado científico adquirido nos bancos escolares, mais a imersão pôr alguma horas no ambiente natural, onde de forma organizada o educando deve ser estimulado a interagir com seus sentidos de forma a realizar ações (processos sinápticos) relevantes para obter o aprendizado desejado. Esperamos no futuro poder realizar pesquisa sobre ações preferenciais de interatividade em Educação Ambiental e assim revelar quais as ações mais estimulantes para se obter resultados direcionados. Ex.: se o tema a ser estudado for a teia alimentar, provavelmente o educando deverá dar preferência a observação de o hábito alimentar das espécies de um determinado ecossistema, o que lhe possibilitaria de compreender melhor a Teia da Vida. A isso poderíamos chamar de “iniciação em natureza” ou “Consciência Ambiental.”
IV-ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS OBJETIVOS
4.1 Unificando Ciências e Ambiente
É visto e notório pelos professores da área de Ciências, o pouco interesse dos alunos pelas coisas da ciência e quiçá de toda a nossa juventude pôr assuntos ditos “mais sérios” ligados ao meio científico. Poucos temas despertam-lhes a atenção , seja na escola, nas conversar informais, ou nos meios de comunicação (jornais, revistas e TV). Segundo eles, os assuntos “que mais tem a ver” nas suas próprias palavras, são aqueles que tem relação direta com suas existências no presente tempo, (música pop., sexo, drogas, rachas de automóvel e filmes de aventuras sempre com auto teor de violência), todos ligados ao sintetismo, ou artificialismo, ambas filosofias contemporâneas das massas, ligadas ao consumismo - ao ter, que a nosso ver é, possivelmente o resultado de uma interatividade negativa com o meio. Nossos materiais didáticos apresentam conteúdos completamente desassociados com a existência material de nossos jovens. As escolas estão carentes de materiais em consonância com as novas tecnologias do mundo extra-sala. Nossa velha metodologia do pensamento linear não atrai, não esclarece, não relaciona, não aponta soluções. Apenas informa.
Até muito pouco tempo não era necessário compreender ou ter qualquer conhecimento, sobre educação ambiental para passar no concurso público do magistério paranaense. Hoje acreditamos já ter mudado essa realidade, embora estejamos ainda longe do ideal, haja vista ser de fundamental importância que nós educadores, tenhamos uma razoável compreensão sobre o ambiente. Principalmente os da área de Ciências, cujos objetivos alem daqueles do ensino fundamental contidos nos parâmetros curriculares, é o de “compreender a natureza como um todo dinâmico e o ser humano, em sociedade, como agente de transformações do mundo em que vive, em relação essencial com os demais seres vivos e outros componentes do ambiente”. E conforme o Currículo Básico do Paraná, "... o objetivo essencial da proposta do ensino de Ciências é explicitar as necessidades históricas que levaram o homem a compreender e apropriar-se das leis que movimentam, produzem e regem os fenômenos naturais.” Tendo como definição e atributo maior da Educação a tarefa de introduzir o ser humano no ambiente, ou seja, adaptá-lo ao meio, já que nem a língua, nem a matemática, tem isso com seu objetivo fim, entendemos ser esta uma tarefa da Ciência. As outras disciplinas são métodos de comunicar e de interpretar a Ciência. Como disciplina escolar, a Ciência já não pode mais ser definida apenas como sendo a responsável pela transmissão dos conhecimentos científicos apropriados pela humanidade. Alem de dotar o ser humano de conhecimentos científicos, ela tem por tarefa introduzi-lo no meio no qual deverá viver. Isso pressupõe que o conhecimento científico seja condição sine qua non à compreensão das relações que se dão na natureza. Premissa que não é verdadeira, haja visto que ‘Conhecer, ou saber não é compreender. É como aquela velha pergunta de professor: - Você entendeu o que eu disse? O aluno: - Sim. O professor: — Você compreendeu o que eu disse ? O aluno: -- Não. O conhecimento científico, é possível de se obter em sala de aula , mas, compreender as relações que se dão no ambiente que está a nossa volta, desde as mais claras até as mais sutis, isso é mais complicado. Pois alem de dotar o homem do conhecimento científico ela também tem pôr tarefa o de introduzir o ser humano no meio em que vive. Por tudo isso, faz-se necessário introduzir novas metodologias de ensino que relacionem o assunto pretendido com a existência temporal de nossos jovens. Ligados a uma forma de pensar que não é aquela na qual fomos “educados”. Assim como muitas vezes vemos os mais velhos, pôr mais cultos que sejam, afirmar serem incapazes de compreender a forma de “raciocinar” dos computadores . Muitas vezes nossos jovem alunos não se atrevem a dizer “ou se atrevem” que não compreendem aquilo que tentamos ensinar-lhes, ou a forma de pensar dos mais velhos, (pais ,avós, etc.).
Diante disso, o objetivo da proposta do ensino de ciências deve ser encarado como o de introduzir o indivíduo no ambiente , possibilitando-o atingir a alfabetização cientifica. Entendendo alfabetização científica como a apropriação e compreensão das leis que regem os fenômenos da natureza, assim como compreender na sua totalidade , ou de forma holística , as relações que ocorrem no ambiente, cuja síntese seria a consciência ambiental, a novo seria ver necessário fazer alterações no sentido de rever o eixo norteador da disciplina conforme o vetor:
Ambiente Matéria Energia Vida
Proposta de temas para montagem dos conteúdos programáticos de um curso de Educação Ambiental (Mapa conceitual no anexo 2)
[1] - Ambiente - Localização cósmica (Universo)
• Origens do Universo Microcósmico e Macroscópico - Noções de Astronomia
• Ritmos da Natureza (Biológicos e Geofísico) - Movimentos dos astros.
2 - Estrutura , Transformação e Ciclo da Matéria.
• Ciclo dos materiais no Ambiente
3 - Fluxo de Energia
• Transito de Energia no Ambiente
• Interação Matéria-Energia
4 - Vida no Ambiente - Interatividade máxima - saúde - qualidade de vida.
• A trama da vida no Ambiente
• Adaptação no Ambiente.
Os temas dos conteúdos programáticos seriam trabalhados de forma a possibilitar a interatividade plena entre aluno e meio. Para isso seria necessário introduzir na grade curricular no mínimo 40 horas aula por ano letivo para desenvolver-se atividades fora da sala de aula ou seja no ambiente natural, como excursões a ecossistemas preservados, ameaçados e destruídos. Introduzir a prática de acampamentos (nos moldes dos que passam em filmes americanos, só que destinados a educação ambiental), pelo menos uma vez durante o curso, para o que as Secretarias de Educação e de Turismo poderiam aliar-se no intuito de desenvolver projetos e estabelecer parcerias visando a criação de fazendas de eco- turismo destinadas a promover a educação ambiental e o eco-turismo.
4.2 Novas Metodologias e Técnicas Pedagógicas Aplicadas
A Interatividade com o Ambiente como Prática Pedagógica
Após análise dos projetos pedagógicos por nós trabalhos, escolhemos para fazer parte dessa monografia aqueles que melhor de adaptam a atividades em educação ambiental, levando-se em conta a possibilidade de da interatividade como uma prática pedagógica. São metodologias de ensino que contribuem na medida que trabalham os conteúdos programáticos através das técnicas dos ’’Casos Estruturados” e “Resolução de Problemas” os “PBLs”, com os quais se é possível trabalhar em Ciências com temas relacionados diretamente a existência material do aluno (do dia-a-dia ) , propondo sempre situações que envolvam problemas locais da comunidade, os problemas nacionais e de toda a biosfera, e em especial os ligados a questão ambiental. A resolução de problema deve estar alicerçada na tríade : “conhecimento - compreensão - aplicação”, e no método científico da eliminação , com o qual chega-se a causa ou causas principais que geraram a situação problema. Através do raciocínio lógico os alunos são levados levantar hipóteses sobre as possíveis fontes geradoras de tais problemas. Após análise das informações levantadas apontar as possíveis soluções da ‘situação problema’. Aliada a técnica didática dos “Mapas Conceituais” ou Mapa de Idéias” , que ajuda os alunos a desenvolverem melhor a compreensão e as relações entre conceitos. Assim como elaborar conceitos próprios, essa metodologia possibilita aos alunos de entrarem em contato direto com o ambiente onde ocorre o problema e também com o ambiente natural intacto, facilitando a interatividade dos alunos com esse meio natural, que passam a compreender e valorizar.
Também comprovamos a satisfatoriedade do desenvolvimento de técnicas de comunicação em grupos , através dos quais os alunos são levados da participarem de grupos de trabalho, afim de buscarem possíveis soluções para situações problema. Vimos que a comunicação do aluno no grupo fortalecerá a auto estima Possibilitando que cada elemento do grupo externe sua opinião. Com a segurança que o grupo lhes dá, sentem que não estão sós em seus pensamentos, já que as opiniões nem sempre são divergentes, estes sentem-se encorajados a assumir uma tomada de decisão, que levará a uma tomada de decisão que satisfaça todo o grupo.
Aqui fazemos nossas as palavras de Izabel Galvão : “Ao contrario do que propõe a tradição intelectualista no ensino , uma pedagogia inspirada na psicogenética Walloniana, não considera o desenvolvimento intelectual como a meta maior no desenvolvimento da pessoa , afinal a inteligência de status é apenas parte no todo do processo constituído pela pessoa” (Izabel Galvão em H.Wallon - Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil”).
4.3 Técnica dos Problemas Estruturados e Aprendizagem por Estudos de Casos
O que é um “ESTUDO DE CASO”?
A metodologia da aprendizagem por estudo de caso é uma historia simulado ou verdadeira que abrange aspectos importantes de uma área de conhecimento ou disciplina , cujo tema é escolhido após uma análise do cenário do ambiente em que se encontra a comunidade ou uma situação relevante, na qual os alunos fazem levantamentos das informações relevantes, refletem sobre os dados coletados a fim de resolver o problema ou o caso. A aprendizagem através do estudo de caso se dá quando o aluno faz uma analise e levanta hipóteses sobre os dados levantados afim de resolver a questão. Para o ensino fundamental aconselha-se casos estruturados em pequena redação cuja história fale ao cotidiano do aluno, e onde os conceitos a serem trabalhados apareçam em negrito ou sublinhados.
O estudo de caso tem como objetivos:
· Reforçar a compreensão dos principais conceitos , processos , relações e idéias da disciplina ou área do conhecimento.
· Desenvolver a habilidade do senso crítico
· Desenvolver a habilidade de análise , síntese avaliação enquanto se discute um caso.
· Caso “estruturado” apresenta as seguintes características :
· São estruturados em torno de objetivos de aprendizagem definidos
· São elaboradas perguntas específicas sobre o caso;
· É essencial que o caso reflita preocupações científicas ou sobre o mundo real.
· Aplicadas a Educação Ambiental, os casos devem refletir a realidade do aluno relacionar-se ao meio ambiente.
· As repostas às perguntas devem ser possíveis de serem encontradas no livro texto (didático).
Dentre as vantagens do estudo de caso podemos enumerar:
· Para responder as perguntas os alunos são forçados a aplicar informações que estão no livro didático e outras fontes de consulta, o que acarreta mudança de uma postura contemplativa (aquela do professor fornecer as respostas) para uma postura ativa.
· Torna o aluno mais responsável na relação da aprendizagem, principalmente quando os conteúdos não são passados antes do caso. Pois ele se vê forçado a reformular conceitos , integrar princípios e avaliar a informação.
· Procedimentos para o estudo de caso:
· Distribuir folha contendo o caso , ou escrevê-lo na lousa.
· dividir a classe em grupos
· fazer um breve relato sobre o caso
· encorajar s membros dos grupos a discutirem caso
· sugerir fontes de informação com livros didáticos, paradidáticos
· fazer a interpretação das informações
· discutir em classe quando da apresentação das respostas peos alunos.
Fontes de consulta que podem ser utilizadas na estruturação de casos: revistas de divulgação científica, Globo Ciência, Super Interessante, Nova Ciência, Ciência Hoje, Jornais (edição de domingo), Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Gazeta do Povo, Internet, o livro: 50 Pequenas Coisas que você pode fazer para salvar a Biosfera. Jornal de Meio Ambiente Brasília, Periódicos sobre ecologia.
4.4 Técnica do Mapa de idéias ou Mapa Conceituai
Como construir, compreender e interpretar um MAPA CONCEITUAL?
Diante de mundo moderno, eletrônico e informatizado, com uma infinidade de novas tecnologias, um dos poucos temas que ainda desperta a atenção dos alunos, é uma exposição prática ou teórica de como se da esse desenvolvimento tecnológico. Pode ser muito interessante discutir com eles as idéias do “como e “porque” neste final de século surgiram tantas novas invenções: eletrodomésticos, raio lazer, robótica, etc. Máquinas sofisticadas como o computador, capaz de pensar - ter idéias - por si próprio. Embora nosso aluno não tenha acesso a essas novas tecnologias como a informática, a internet, etc., ele já vivência essa realidade, pois, esse é o mundo que o cerca. Diante desse inevitável futuro cibernético, é natural que se crie em nosso aluno uma enorme expectativa, supondo-se que teoricamente: “este futuro esta reservado a ele”.
A partir de uma conversa sobre informática ou tema semelhante podemos introduzir o conceito de Mapeamento de idéias, “como as temos e de onde elas vem”.
Uma boa forma de explicar como se dão e como surgem às idéias em nosso cérebro é explicitar a organização interna de um computador: como ele elabora conceitos, o que é um diretório, um programa, um arquivo e como ele armazena todas essas idéias previamente elaborados pelo homem. Com esse ou outro procedimento similar, podemos apresentar novos conceitos de inteligência, que substitui a atual organização linear, unidimensional e compartimentada das idéias, por uma nova forma de compreender o pensamento, introduzindo a concepção de rede, tridimensional, onde as idéias se interligam numa aspirai de arquivos em rede e dispostos de forma radial (um enorme armário eletrônico com gavetas por todos os lados, um chips).
Embora para alguns possa parecer complexo falar sobre o tema, nosso aluno já está mais que familiarizado com essas inovações, pois é essa a linguagem dos desenhos da televisão, das revistas em quadrinhos e romances juvenis, que aponta para uma futura realidade virtual. Só nós ainda não nos demos conta e ainda continuamos a ensinar segundo aquele currículo linear, em que as coisas: idéias, fatos e ações ocorrem sempre um após outro, numa seqüência rítmica e linear, como se escutássemos ou lêssemos apenas uma palavra de cada vez , de forma unidimensional. Na realidade a informação armazenada em nosso cérebro espalha-se em múltiplas dimensões. “Sendo o cérebro (sistema nervoso) concebido como um imenso armário de bilhões de gavetinhs, cada uma contendo um tipo de informação (fatos) - os neurônios - pode-se imaginar que o significado da palavra “colher” estará na gaveta 18, o termo “bola” na gaveta 208 e a sensação de “frio” na gaveta 2013, fixada na última terça feira, distribuídas de forma tridimensional na estrutura do córtex cerebral. Alem disso essas gavetinhas estão em um contínuo processo de “referência cruzada” que possibilita ao cérebro recordar todos os detalhes relevantes de um conceito como “colher de sopa” ou uma situação “jogar bola no frio”. Essas ligações cruzadas são fundamentais para compreensão de que uma informação nunca esta isolada de outra. Como exemplo ao elaborar o conceito de “vaso”, é bem possível que o aluno estivesse em certo “lugar” quando “aprendeu” seu conceito, que vestisse um certo “traje” e percebia o cheiro de grama. Os conceitos entre aspas possuem alguma relação com o conceito chave (vaso), logo deverão ter centenas de ligações cruzadas com outros conceitos”. (Bartoszeck em Introdução ao Mapa Conceitual). Por considerá-la eficaz, na tentativa explicitar como se dão as coisas no cérebro humano, achamos que esse tipo abordagem deva ser repassada ao aluno, só que com outros exemplos de acordo com seu nível cognitivo. Obviamente que cada professor poderá criar seu próprio esquema para expressar a organização das idéias, e assim introduzir a técnica de construção de Mapas Conceituais.
Na elaboração do mapa conceituai a pessoa exercita o processo que mais se aproxima do ambiente multidimensional de atividade dos circuitos de neurônios que geram a mente, possibilitando que o estudante através das ligações cruzadas incorpore suas idéias aos conceitos, elaborando novos conceitos e assim chegar na “aprendizagem significativa.
O que é Mapa Conceitual?
Normalmente quando ouvimos falar em mapa, lembramos algo relacionado com a situação geográfica e, no entanto seu significado é muito mais abrangente, com diversas conotações: mapa seria representação, lista descritiva ou relação conceituai que vem do conceito, significa como formulação de uma idéia por palavra. Os objetos e acontecimentos são conceitos - para cada objeto ou acontecimento usamos uma palavra para expressar seu significado às outras pessoas. Os conceitos são rótulos ou símbolos para se comunicar a regularidade de uma observação. Assim as linguagens mais modernas da computação (Windows e outras) está cheia de ícones, cada um representando uma gama enorme de informações.
Em outra linguagem, Mapa Conceitual, vem a ser a inter-relação dos conceitos na abordagem sistêmica da vida. Assim, para uma criança que começa a ter algum discernimento, um bicho com asas: “é um passarinho”, um dia ele aprende que a cor da sopa é “amarela” e que aquela planta grande do quintal é uma “árvore”. Com o tempo a criança começa a associar os termos até chegar no nível complexo das idéias e elaborar uma frase com sentido lógico: “O passarinho amarelo (canário) está na árvore”. Dentro da normalidade, essa criança deverá prosseguir, partindo do nível sincrético (das idéias desorganizadas), ao pensamento para o complexo (das frases elaboradas), até tingir o nível conceituai (pensamento superior) - VIGOSTSKI.
Como criar Mapas Conceituais
É possível trabalhar com a técnica dos mapas conceituais com alunos desde a pré-escola até o 3o graus, em qualquer disciplina ou área de conhecimento. Para isso, basta pegarmos um “conceito solto”: a informação de um “problema matemático”, “um tópico da disciplina”, “um parágrafo de um texto”, etc., e a partir daí traçar o mapa conceituai. O conceito mais geral deve vir no alto da representação e os mais específicos ligados a este e aos demais por linhas e palavras de ligação como as seguintes: requer, absorve, combina, contém, depende de, é parte de usada para, leva a, ocorre, por ex., produz, torna-se, usa, é separado por, aumenta a , transmite, consiste em, relaciona-se a, insere- se em influência, liga-se a, gera, etc.
Fig. 01 - Exemplo de um Mapa Conceitual para o conceito “água” que poderia ser resultado do trabalho de alunos que já escrevem, onde os alunos são levados a lançar mão de um conhecimento prévio.
Recomenda-se para alunos de 1º grau:
· Trabalhar com palavras chaves escolhidas a partir de um proposição ou frase temática ou um texto a ser interpretado.
· Que o primeiro Mapa a ser confeccionado pelo estudante, seja referente às atividades desenvolvidas por ele durante um dia, onde ele possa esboçar suas atividades do cotidiano com todas as possibilidades, fugindo sempre do pensamento linear.
· Colocar a palavra chave no centro do papel e distribuir os conceito no sentido horário.
· Escrever o conceito a lápis em papel sulfite ou cartolina, sempre maiúsculo, circundar com linhas para evidenciar e escrever as palavras de ligação minúsculas.
· Re-escrever o mapa original até ter certeza que construiu ligações significantes.
· A avaliação poderá ser feita pela atribuição de pontos pela elaboração de “ligações cruzadas”, etc.
· Pode-se propor que leiam páginas selecionadas de um texto e sugerir que relacionem os principais conceitos e os expressem em um mapa conceituai. Atribuir pontos.
· Os primeiros trabalhos poderão ser em equipes. Com a familiarização do processo os mapas devem ser individuais e mais complexos.
4.5 - TÉCNICAS DA RELOLUÇÃO DE PROBLEMAS - PBLs
Resolvendo problemas a partir de situações concretas pré existentes no ambiente.
A “Resolução de Problemas” - PBL, é a aprendizagem baseada em problemas, é um método de educar que enfatiza o “como aprender fazendo”. A aprendizagem por resolução de problemas é o desafios através do qual os alunos são levados a resolver problemas do dia a dia que contenham conteúdos (conceitos) relevantes da disciplina. No caso da Ciência, especificamente Educação Ambiental, os conceitos de Ecologia são inseridos nos problemas, a partir dos quais serão feitas ligações entre os novos conceitos com outros previamente adquiridos e conceitos de outras disciplinas.
A resolução de um problema deve seguir os seguintes passos:
- Levantar o que se sabe, 2 - Levantar o que não se sabe, 3 - Pesquisar onde encontrar informações, 4 - Sintetizar, formular hipóteses, 5 - Comunicar.
Assim os alunos chegarão a aprendizagem quando em um dado problema estes forem capazes de :
Listar o que sabem sobre o problema
Organizar os tópicos sob a forma de ‘tarefas de aprendizagem’.
Procurar informações em fontes variadas: livro texto, Internet, enciclopédias, revistas, etc.
Analisar criticamente as informações coletadas.
Sintetizar as informações obtidas e levantar hipóteses.
Comunicar as possíveis soluções de forma oral e escrita.
Os problemas devem apresentar tópicos contraditórios, abrir para diversas possibilidades de solução e respostas, apresentar um delineamento incompleto, o mais semelhante a uma situação real. Nesse tipo de atividade o professor serve apenas como modelo para ajudar o aluno a desenvolver metas, julgar as informações, refletir, etc.
Através dessa prática é possível:
· fazer com que nossos alunos manipulem melhor as ideias de forma a saber escolher as mais relevantes.
· Estruturar ideias na forma de tabelas, quadros, diagramas, mapas conceituais.
· Desenvolver motivação pessoal para questionar o que aprender
· Desenvolver autodidatismo como hábito de vida
Em educação ambiental a Resolução de Problemas apresenta a vantagem na facilidade de se elaborar problemas locais e de interesse do aluno, estimulando a necessidade do saber e a sua participação na vida e nos problemas da comunidade. Desenvolve o aluno no método científico.
Procedimentos básicos para se resolver um problema:
· distribuir folha contendo o problema e fazer uma breve explanação do método (técnica) de resolução de problemas.
· dividir a classe em grupos
· solicitar que cada grupo elabore uma lista de hipóteses sobre o problema escrever a prioritária no quadro.
· Facilitar a dinâmica da discussão, fazendo perguntas, como: - O que você quer dizer com isso?, como você sabe se é verdade?
· O professor pergunta que outras informações são necessárias
· Sugerir ao grupo divisão de tarefas
· Marcar nova reunião onde cada grupo exporá a síntese de suas hipóteses.
· O grupo efetua a comunicação dos resultados oral e por escrito.
· Avaliação:
· Processo de avaliação poderá ser feito a través da autlo avaliação pelos próprios membros do grupo.
· Através da participação individual e coletiva no grupo
· Apresentação por escrito da solução com fundamentação e evidencias da literatura
· Teste de múltipla escolha abordando os tópico d problema Elaboração de Mapa Conceptual individual sobre o caso.
V APLICAÇÃO
5.1 A Interatividade com o Meio Ambiente, nossas primeiras práticas Pedagógica.
A primeira atividade que fizemos ao ar livre, pois não tínhamos laboratório foi à montagem e análises de tipos de solos diferentes, separação de sólidos do solo, permeabilidade, germinação e outras experiências com solos. Confesso que nunca mais quis lecionar em quatro paredes e nem pensei mais em laboratório fechado. Às vezes era pente fino no pátio do colégio, onde os alunos limpavam os pequenos papéis e outros resíduos nove deixados. Outras vezes era arrumar a cerca da horta. Aos poucos fui descobrindo o valor desta prática, mas nas aulas convencionais, sempre que alguma ameaça pairava sobre o bom andamento da aula, prometia logo que caso se comportasse bem a próxima aula seria ao ar livre. Mas nem sempre era possível em virtude dos famigerados conteúdos programáticos que eram cobrados pela supervisora que nada entendia de ambiente. Foi nessa época 3% que passei a ter consciência do ambiente que nos envolve. A consciência ambiental mudou minha prática como professora. Passei a adotar passeios constantes com meus alunos nas dependências e áreas externas próximas do colégio. No início estas práticas eram reservadas para assuntos relativos questões ambientais. Mas como a consciência ambiental, faz você ver ambiente em tudo, inclusive não se vê outra função na ciência, que não a de inserir o ser humano no seu meio natural, pois a partir daí no que se refere a conhecimento, tudo passa a ser possível ao homem.
Já há alguns anos víamos a necessidade e interesse pôr metodologias novas na área de ciências, mas a rotina escolar, e o desestímulo material, por vezes nos afastam-nos de objetivos maiores. Achamos no Projeto Vale Saber da SEED, ótima possibilidade de desenvolver algo novo para melhorar nossa prática docente.
Já em Matinhos, na Escola Est. Sertãozinho e na Escola Tereza da Silva Ramos, planejamos as atividades relativas ao Projeto Vale Saber desenvolvidas durante o ano letivo/98, a partir das pesquisas que já vinha desenvolvendo passamos a adotar novas praticas didáticas. No primeiro bimestre, fizemos visitas com os alunos nas da 5a, 6a e 7a séries nas proximidades de nossa escola, onde os alunos puderam observar e fazer comparações entre ambientes naturais (morros de Matinhos) e ambientes transformados (áreas urbanas) ecossistemas em desequilíbrio ou destruídos. Foram feitas diversas incursões pelas imediações da escola sempre no bairro, onde os alunos puderam observar agir e reagir sobre a poluição das águas do canal Rio Matinhos. Iniciamos trabalhos com práticas de relaxamento, como ginástica de compensação e outras extraídas do livro Jogos Teatrais NOVELLI, M. C. Embora encontrássemos alguns problemas, como falta de espaço adequado, muita agitação dos alunos, etc., descobrimos que, mesmo em ambiente fechado as técnicas de relaxamento mental com os alunos, melhoravam muito a comunicação individual (do aluno com ele mesmo) e com o grupo. Sempre com o objetivo de pô-los em contato com o ambiente natural, a fim de que pudessem imaginar e compreender as possíveis relações existentes no ambiente que os cerca, adotamos as viagens imaginárias, práticas em que os alunos de olhos fechados deixam se levar pelos sentidos de frio, calor, felicidade, tristeza, medo etc., e imagina-se em outros ambientes, com todo o surrealismo possível, ex.: em um ecossistema sentir-se um animal acuado pelo predador, ou uma fera faminta, uma arvore sendo devorada em chamas. E outros jogos teatrais, como brincadeiras de pantomima com mímica de animais em extinção, feridos ou estressados, teatralização de trechos de textos ecológicos com representação individual e em grupos.
No segundo Bimestre programamos para os alunos da 7a série, junto com um grupo de montanhistas a limpeza das trilhas do Morro do Boi, localizado no Bairro de Caiobá. Embora as atividades fossem seguras e acompanhadas de perto pôr mim e demais adultos, os pais ficaram renitentes em deixarem seus filhos participarem, 30 alunos apenas participaram. Num domingo pela manha, munidos de luvas e sacos para lixo, subimos as encostas do Morro do Boi, que pôr ficar próximo as praias e é muito visitado pôr turistas nas temporadas, consequentemente, foram retirados mais de 200 Kg entre papéis, plásticos e latas deixados pelos turistas. Foi simplesmente fantástico os relatos dos supostos “alunos montanhistas” aos demais alunos. Em seus relatórios sobre as atividades deixaram claros que práticas como aquelas deveriam ser repetidas. Alguns trechos dos relatórios: “... gostamos principalmente de poder limpar as trilhas que as pessoas sujam pôr não ter consciência do meio ambiente.” Os pássaros cantavam lá em cima como nunca tinha visto”. A principal coisa que achei legal foi o esporte do montanhismo, que além de ser muito seguro é uma ótima maneira de liberar adrenalina...” “Esse passeio muito me ajudou a compreender um pouco o meio ambiente e as coisas que não devemos colocar nem tirar das matas...” SEED, ótima possibilidade de desenvolver algo novo para melhorar nossa prática docente.
Já em Matinhos, na Escola Est. Sertãozinho e na Escola Tereza da Silva Ramos, planejamos as atividades relativas ao Projeto Vale Saber desenvolvidas durante o ano letivo/98, a partir das pesquisas que já vinha desenvolvendo passamos a adotar novas praticas didáticas. No primeiro bimestre, fizemos visitas com os alunos nas da 5a, 6a e 7a séries nas proximidades de nossa escola, onde os alunos puderam observar e fazer comparações entre ambientes naturais (morros de Matinhos) e ambientes transformados (áreas urbanas) ecossistemas em desequilíbrio ou destruídos. Foram feitas diversas incursões pelas imediações da escola sempre no bairro, onde os alunos puderam observar agir e reagir sobre a poluição das águas do canal Rio Matinhos. Iniciamos trabalhos com práticas de relaxamento, como ginástica de compensação e outras extraídas do livro Jogos Teatrais NOVELLI, M. C. Embora encontrássemos alguns problemas, como falta de espaço adequado, muita agitação dos alunos, etc., descobrimos que, mesmo em ambiente fechado as técnicas de relaxamento mental com os alunos, melhoravam muito a comunicação individual (do aluno com ele mesmo) e com o grupo. Sempre com o objetivo de pô-los em contato com o ambiente natural, a fim de que pudessem imaginar e compreender as possíveis relações existentes no ambiente que os cerca, adotamos as viagens imaginárias, práticas em que os alunos de olhos fechados deixam se levar pelos sentidos de frio, calor, felicidade, tristeza, medo etc., e imaginam-se em outros ambientes, com todo o surrealismo possível, ex.: em um ecossistemas sentir-se um animal acuado pelo predador, ou uma fera faminta, uma arvore sendo devorada em chamas. E outros jogos teatrais, como brincadeiras de pantomima com mímica de animais em extinção, feridos ou estressados, teatralização de trechos de textos ecológicos com representação individual e em grupos.
No segundo Bimestre programamos para os alunos da 7a série, junto com um grupo de montanhistas a limpeza das trilhas do Morro do Boi, localizado no Bairro de Caiobá. Embora as atividades fossem seguras e acompanhadas de perto pôr mim e demais adultos, os pais ficaram renitentes em deixarem seus filhos participarem, 30 alunos apenas participaram. Num domingo pela manha, munidos de luvas e sacos para lixo, subimos as encostas do Morro do Boi, que pôr ficar próximo as praias e é muito visitado pôr turistas nas temporadas, consequentemente, foram retirados mais de 200 Kg entre papéis, plásticos e latas deixados pelos turistas. Foi simplesmente fantástico os relatos dos supostos “alunos montanhistas” aos demais alunos. Em seus relatórios sobre as atividades deixaram claros que práticas como aquelas deveriam ser repetidas. Alguns trechos dos relatórios: “... gostamos principalmente de poder limpar as trilhas que as pessoas sujam pôr não ter consciência do meio ambiente.” Os pássaros cantavam lá em cima como nunca tinha visto”. A principal coisa que achei legal foi o esporte do montanhismo, que além de ser muito seguro é uma ótima maneira de liberar adrenalina...” “Esse passeio muito me ajudou a compreender um pouco o meio ambiente e as coisas que não devemos colocar nem tirar das matas...”
Notamos que a partir dali uma transformação interior se iniciava naqueles alunos. Possivelmente houvesse despertado neles essa inteligência genético sensorial. Pena que práticas como essas do montanhismo restringem-se a uma minoria. Estimular dos alunos o hábito fazerem “camping”, e participarem de “grupos de escotismo ou bandeirante”, alem de medidas formais por parte dos agente da Educação , poderiam estimular esses hábitos.
5.2 “Projeto Água Limpa” - Casos Estruturados
Chegava ao fim o ano letivo, e ainda não havíamos concluído nossas pesquisas sobre diversos temas planejados com nossos alunos, (o projeto dessa monografia está vinculado as atividades desenvolvidas no Projeto Vale Saber/97/98 da SEED Pr.), Durante grande parte do terceiro e quarto bimestre choveu, o que dificultou um pouco nossas práticas pedagógicas no ambiente natural. Para finalizar o ano letivo e o nosso projeto Vale Saber, planejamos fazer um amplo trabalho com as 7a séries. Sempre utilizando-se da metodologia das situações problemas e resolução de casos, a qual já conhecia-mos de outras práticas como assessor sindical de trabalhadores assalariados rurais (bóias frias).
Montamos projeto envolvendo diversas situações problemas, todas relacionadas em assuntos cujos “casos” a serem elaborados tratassem de problemas ambientais locais como : - Causas da poluição do solo em Matinhos. - Causas da poluição da água utilizada pelas populações que moram próximo aos morros no Bairro do Tabuleiro, e da poluição das praias. - Causas do desaparecimento do caranguejo como fonte de alimento das populações que moram subjacentes a áreas de mangue. - Porque o preço da tainha esta tão caro em Matinhos? - O que são “sambaquis” ?
Utilizando-se do método “conhecimento - compreensão - aplicação” , trabalharmos em sala de aula os conteúdos e conceitos essenciais. A seguir os alunos das três turmas, foram divididos em grupos de 5 ou 6 e cada grupo escolheu um entre os casos apresentados. Atribuímos algumas aulas para que os grupos se reunissem para levantar informações e hipótese sobre os casos antes de saíram a campo para visitarem ambientes onde existiam tais problemas (ecossistemas em desequilíbrio) e outros ecossistemas onde não houvesse os problemas. Investigando as situações , levantariam as possíveis hipóteses das causas de tais problemas e a partir daí pelo raciocínio hipotético-dedutivo, apresentariam as possíveis soluções para os problemas.
Procuramos fazer com que pensem pôr si próprios, e sejam levados a uma necessária tomada de decisão a cerca de um problema que os aflija.
Feito o esboço , a tal projeto de Água Limpa, pois sua finalização deveria coincidir Semana dos Rios, realizada de 24 à 30 de novembro. Os aluno puseram-se a trabalhar. Alguns dos títulos dos trabalhos foram: “A Poluição do Solo em Matinhos - Causas e Consequências”. Que levou aquele grupo a visitar diversos depósitos de lixo urbano existentes na cidade, alem de visitarem o Lixão do Cambará, depósito de resíduos do município. “A situação dos recursos hídricos de Matinhos - Poluição da Água”. Onde o grupo resolveu que elaboraria seu trabalho em forma de vídeo. Para isso visitaram e filmaram a lagoa de depósito de lixo orgânico de Caiobá, onde filmaram desde a nascente do córrego que recebe aquele eflúvio, durante todo o trajeto do Canal até sua desembocadura no oceano (Praia dos Pescadores), onde a água apresenta maior índice de poluição. Ao todo foram elaboradas três fitas com aproximadamente 90 minutos de gravação. Infelizmente uma fita extraviou-se.
Um grupo se encarregou de fazer pesquisa sobre a biodiversidade (populações variedade de espécies) em ecossistema de mata Atlântica e outro grupo sobre a biodiversidade, em área de mangues. Para isso esses grupos visitaram os ecossistemas munidos de uma tabela elaborada pôr mim, onde consta as principais espécies dos respectivos reinos. Um rolo de barbante. No local objeto da pesquisa, primeiro ecossistemas em desequilíbrio, no caso área do Mangue seco e do Parque Rio da Onça, e lá demarcaram uma área de 100 m2. Dentro dessa área passaram a fazer o levantamento das diversas espécies e n.° de habitantes. Assim descobriram que nesses ambientes a biodiversidade é muito pobre. Outro grupo encarregou-se de fazer pesquisa sobre Antropologia, no caso os Sambaquis de Matinhos. Inicialmente, fizeram vasta pesquisa na Biblioteca Pública Municipal, principalmente no Livro Matinhos: Homem e Terra Reminiscências... de João José Bigarela, onde encontraram muito do passado da região. Visitaram a área do sitio arqueológico denominado Sambaqui Matinhos, que foi inteiramente destruído pôr ocasião da construção de uma rodovia pelo Departamento de estrada de Rodagem DER-Pr. Assim ficaram os alunos sabendo o que costumamos fazer de nosso passado que nem chegamos a conhecer.
Ávidos de mais aventuras os alunos cobravam a 2a parte, aquela onde visitariam um ambiente supostamente preservado. Junto com os alunos, escolhemos a localidade denominada Parati, pôr ser próxima, estar localizada na área de preservação Ambiental, pertencente a APA de Guaratuba - Pr , criada pelo governo estadual pelo decreto 99.274/90 , possuir um rio muito limpo e uma linda cachoeira, alem disso apresenta um sítio arqueológico de (sambaquis) ainda intacto. Precisaríamos de dois ônibus para nos deslocarmos até o Bairro do Cambará, onde se encontra o Lixão municipal, pois o grupo de poluição do solo, deveria fazer pesquisas no local, alem de servir de inspiração para os demais, de fato compreenderem o que é um ecossistema destruído. Já chegávamos quase ao final do ano letivo e não conseguimos viabilizar os ônibus junto à prefeitura municipal, que não conseguiu ver importância desse trabalho. Conseguimos apenas um ônibus custeado pelo, Instituto ECOPLAN , que após ofício envido pôr nós, ajudou- nos através do SOS-ONG no valor de R$ 100,00 reais e algumas camisetas e bonés sobre a semana dos Rios.
No dia 26 de novembro, domingo, dia dos Rios, partimos ao todo 40 alunos, muitos não foram autorizados pelos pais. Acompanhado do ambientalista Pedro Guimarães, que nos ajudou muito com seu conhecimento sobre a região. Foram 15 minutos de ônibus e três horas de caminhada para chegar ao a local. Piada surgida. Professor: — Esta aqui é a estrada do Ai Jesus, existe desde 1896. Aluno: — Professor, porque o nome dessa estrada é Ai Jesus. Outro aluno: — Ai Jesus como estou cansado. Sinceramente, acho que irão lembrar-se desse dia pelo resto de suas vidas. Infelizmente não tínhamos filmadora para eternizar aqueles momentos, havia chovido na véspera, a estrada era só lama, eles riam a toa, tudo lhes era novo, belo e assustador. Ali desenvolveram a segunda parte de seus trabalhos, observaram o ambiente natural em sua plenitude, fizeram levantamento de biodiversidade, é claro como pesquisa escolar, sem muita complicação, observaram espécies exóticas de vegetais, conversaram com moradores da vila Parati, sobre sua realidade e dificuldades. Observaram e manipularam resíduos deixados pôr homens que viveram há mais de 5.000 anos como marca de sua presença naquele ambiente. Conhecendo assim um pouco da história da própria ciência da humanidade. Assim puderam compreender relações básicas, que ocorrem numa teia alimentar da qual todos nós somos parte. Princípio básico rumo à consciência ambiental, pois onde estivermos seremos afetados, pela destruição total da Biosfera ou pelo equilíbrio total no meio ambiente que nos cerca.
A terceira parte dos nossos trabalhos consistiram em cada grupo elaborar relatórios sobre suas atividades, sistematizar as informações, da primeira e da segunda etapa, e elaborarem as conclusões de seus respectivos trabalhos. Nesses relatórios apresentaram algumas propostas para solucionar as situações problemas compreendidas no Tema gerador do trabalho. Alguns relatórios impressionaram pela capacidade de discernimento sobre problemas ambientais e suas consequências.
5.3 RESOLUÇÕES DE PROBLEMAS
5.3.1 O Problema da Lagoa de Tratamento de Resíduos Orgânicos de Caiobá
Outra situação problema que envolveu a todos nesta Escola , foi o fato de estarmos localizados em frente a Lagoa de “tratamento” do resíduos sólidos e orgânicos ,(fato que incomodava a todos, principalmente os alunos, em virtude do mal cheiro exalado nos dias de muito calor), do Balneário Caiobá, bairro nobre , onde é produzido a maior parte dos resíduos da cidade. O lixo do Bairro não era separado em resíduo reciclavel (recuperável pela indústria) e não recuperável, e era jogado no local conhecido como Lixão do Cambará.
Eram constantes os problemas sofridos pela comunidade, çausados pelo transbordo da lagoa em diversas ocasiões, pois há muitos anos a lagoa não era esvaziada e limpa, estando quase completamente assoreada. Passamos a discutir o problema com os alunos, onde os mesmos eram levados a buscar as possíveis soluções. Após termos visitado a lagoa com nossos alunos, houve grande mobilização na Escola e em toda a comunidade do bairro. Com vistas a sanar aquele ambiente malcheiroso e que tantos riscos trazem a saúde daquela comunidade. Mais uma vez, juntamente com Pedro Guimarães e o Sr Ivan Kirchnner, presidente da ACEPAN (Associação de Proteção Ambiental), alem dos pais de alunos dessa Escola, foi feita uma reunião de moradores, onde tirou-se pela elaboração de um abaixo assinado no qual diretoria e professores da Escola se incorporaram. Aproximadamente seiscentos moradores o assinaram o manifesto que pedia soluções urgentes para aquele problema. Encaminhado aos órgãos competentes, em pouco tempo, máquinas e técnicos da Sanepar estavam drenando a lagoa, e fazendo um muro de segurança em torno dela. Nos dias que se seguiram meus alunos viram-se como os responsáveis pela façanha, que na verdade só foi possível pela força da comunidade reunida.
5.3.2 Parque Rio da Onça - A Resolução de um Problema
Seguindo a metodologia de resolução de problemas, procuramos nos envolver e aos nossos alunos em trabalhos cuja situação problema apresentassem temas atuais que envolvessem a comunidade que e implicasse em algum tipo de prejuízo a alguns dos setores: económica, política, social e de qualidade de vida (saúde físico-mental e ambiental).
Recém chegado a Matinhos, tínhamos certa dificuldade por não conhecer bem a comunidade e seus problemas. Por isso propusemos que os temas fossem escolhidos pelos próprios alunos que apontariam os principais problemas vividos pela comunidade. A partir daí, passamos a fazer visitas periódicas ao Bairro do Sertãozinho, junto com alunos. Através deles, conhecemos o ambientalista Pedro Guimarães, muito informado sobre os problemas da comunidade litorânea, com o qual passamos a discutir com certa regularidade a situação do meio ambiente na comunidade, principalmente a situação do lixo reciclável. Numa dessas conversas, tivemos conhecimento que bem próximo da Escola Sertãozinho, a cerca de 2,5 km, havia um Parque Florestal abandonado. Era o Parque Florestal Rio da Onça, criado pelo decreto estadual n.° 3.825 de 04/06/81, abrangendo uma área de 118,50 há. Localizado quase totalmente na área urbana de Maninhos, essa área no passado abrigou o depósito municipal de lixo (aterro sanitário) tendo sido palco de diversas tentativas de invasão. Tivemos enorme susto, quando ficamos sabendo da situação do Parque que encontrava-se completamente abandonado, a mercê de uma iminente ocupação por parte de invasores, e sob forte pressão imobiliária ao seu redor, como tivemos condições de comprovar em nossa primeira visita. Nessa visita deparamos com toda sorte de destruição. Rico em epífitas, bromélias e orquídeas, era claro os sinais deixados pelos que retiravam do parque esses vegetais com fins ornamentais. No centro do parque deparamos com uma área de aproximadamente 1000 m2, completamente destruída pelo fogo, possivelmente ateado pôr transeuntes que costumam vadiar pela área. Sem nenhuma condição de receber visitantes, a única instalação do parque, uma casa de alvenaria, encontrava-se abandonada com portas e janelas no chão. Ao fim do 2a bimestre já conhecíamos bem o bairro e nossos alunos estavam ávidos de aventuras. Não havia dúvidas os Temas que resolvemos trabalhar era a situação do Parque Rio da Onça e o problema do Lixo urbano em Matinhos.
A fim de que pudéssemos utilizar aquela área, nas práticas pedagógicas, com nossos alunos, encaminhamos ofício ao IAP (lnstituto Ambiental do Paraná), para obter maiores informações sobre o Parque. Recebemos vasto material de reconhecimento da área, contendo mapas e pesquisas sobre a biodiversidade local. Em um seminário promovido pela prefeitura do município de Matinhos sobre meio ambiente, tivemos oportunidade de relatar os problemas sofridos pelo referido parque. O que de certa maneira iniciou um processo de reativação do Parque que encontra-se em andamento. O que mais nos chocou foi saber que desde 1981 existia aquele Parque Florestal quase no centro da cidade, e que quase ninguém da comunidade sabia disso. Segundo informações o parque nunca fora tema de estudos da comunidade escolar e nunca recebera visitantes de forma organizada, devido ao abandono e o perigo de malfeitores na área.
Nos dias que se seguiram, planejamos uma visita ao parque, agora com alunos das 7a Séries e acompanhados de supervisores, que estranharam o fato de tirarmos os alunos em horário de aula para conhecer um Parque Florestal que ninguém sabia que existia. Seguimos para a área. Lá os alunos puderam entrar em contato direto com um ambiente de florestas secundárias, remanescente da Floresta Ombrófila, intercalada com áreas de caxetais e restingas localizada em área de Mata Atlântica, ainda em estado razoável de preservação. Assim puderam fazer comparações entre ecossistemas destruídos, periferia da escola e bairro do Mangue Seco e entre ecossistemas supostamente preservado do Parque Rio da Onça, onde puderam fazer observações sobre a vegetação e a fauna local. A partir de então os alunos passaram a visitar a área com mais constância. Infelizmente, até o final desse ano letivo ainda não havia sido designado vigias e um diretor para o parque, o que impedia o acesso das crianças de forma mais duradoura e segura.
Em seus relatórios alem de fazer comparações sobre o estado de abandono em que se encontrava a área e a clara pressão urbana em torno do parque, apareceu muita indignação com relação ao descaso das autoridades, que não punham vigias na área. Alem novas ideias como a de construir no local uma grande área coberta ( uma sala de aula ao ar livre) onde de forma permanente se praticasse a educação ambiental para todos os estudantes do litoral, a comunidade e aos turistas. Eles sugeriram que ali retornássemos sempre, pois aquele tipo de aula era melhor. Só pelo fato dos alunos levantarem-se a questão do abandono do Parque do Rio da Onça, já teria valido a pena realizar esse trabalho. (Atualmente, 1999, 0 Parque esta ativado, mas não existe uma política de gestão satisfatória que o torne acessível a toda a comunidade matinhense, principalmente a escolar).
5.4 Projeto de Reciclagem de Lixo
O problema do lixo é um dos mais graves do planeta, pois é produzido cada vez em maior escala e não se tem onde colocá-lo. Dele advém inúmeros problemas de ordem tóxicas, prejudiciais a saúde do homem e ao meio ambiente. Enquanto não se resolver o problema do lixo os oceanos estarão sob ameaça, pois é para onde escorre todo lixo do planeta. Por isso é fundamental trabalharmos dentro das escolas e na comunidade questão do lixo marinho.
Sob coordenado do ambientalista Pedro Guimarães, ajudamos a implantar um projeto de reciclagem do lixo na Escola Tereza da Silva Ramos. Em síntese o projeto tratou de concretizar nos alunos da importância de separar o lixo doméstico em orgânico e inorgânico e este em reciclavel e não reciclavel pela natureza, visando assim introduzir aquela comunidade como um todo, na situação problema da Poluição (do solo do ar e da água), causada pelos resíduos domésticos e urbanos. Procurou-se Envolver toda a comunidade escolar, alunos, pais de alunos, professores e direção. Assim como outros membros da comunidade como a Acepam, associação ambiental, criada pelos moradores do bairro Tabuleiro, para dar sustentação ao projeto. Feita reuniões com alunos e pais de alunos, cuidou-se de durante a semana separarmos em nossos lares o nosso lixo, e toda a quinta feira, nós e os alunos conduziríamos até o fundo do pátio da Escola os materiais recuperáveis pela industria, (chamado erroneamente de reciclavel) metais, plástico e papel. As sextas feiras, os funcionários da Escola, e demais membros da comunidade, encarregavam-se de selecionar e armazenar o material coletado. Um caminhão vinha aos sábados apanhar o material selecionado e conduzi-la até o depósito, onde era negociado. O projeto durou quase todo o bimestre, sendo coletadas ao todo 3,5 toneladas de material recuperável pela indústria, rendendo para a Escola o montante de R$ (conforme tabela no Anexo 01). Durante o projeto de reciclagem, os alunos aprenderam fazer a separação do lixo caseiro, conscientizando pais e irmãos para esta prática, princípio número um para o desenvolvimento de uma consciência ambiental. Depois de transportarem o material até a Escola, muitos ajudavam na seleção e acompanhavam o transporte e a pesagem, do material selecionado. Sempre que possível provocávamos outras formas de promover a da interatividade entre alunos e ambiente, através de jogos Teatrais como pantomima no pátio, alem das aulas de vídeo (Projeto TV na Escola, programa Natureza sabe tudo e outros) e aulas ao ar livre nos dias de muito calor, sempre se aliando a teoria e a prática.
Após a realização dessas novas práticas metodológicas, observamos resultados muito positivos no que tange ao interesse desses alunos pôr assuntos de educação ambiental.
5.5 Práticas com Mapas Conceituais em Educação Ambiental
A partir de observações efetuadas em aulas experimentais, objetivando introduzir a Educação Ambiental em nossa disciplina como uma prática diária de sala de aula, observamos que o aluno já traz consigo ideias que muitas vezes estão em desacordo com uma prática de preservação ambiental. Ideias herdadas do senso comum de uma sociedade de consumo, baseada na exploração irracional do ambiente. Mas percebemos também que essa é a memória constituída do aluno e que não se pode apaga-las como se elimina um borrão, sob pena de não obtermos êxito no processo educacional. Compreendemos então que precisávamos recuperar essas ideias, e que a partir delas, fossemos acrescentando novos conceitos que objetivassem mudar aquela prática. “Encontramos na técnica do mapeamento de idéias uma prática que satisfaz o princípio buscado: “elaborar” conhecimento significativo a partir de um conhecimento prévio do aluno”.
Ao experimentarmos esta prática, vimo-la como uma metodologia eficaz no trabalho em educação ambiental e em outras áreas do conhecimento, haja vista que o aluno de forma consciente passa a usar seu conhecimento prévio e a partir dele elaborar novas ideias que irão mudar a forma com que vê o mundo.
Para introduzir essa técnica montamos um painel com tema de ecologia como Lixo marinho, ecossistema, saúde onde foram expostos os mapas de alunos de 5o a 8o séries no pátio da escola. Quando iniciamos os trabalhos com mapas de ideias, notamos algumas rejeições, principalmente em alunos de séries mais avançadas - 7a e 8a, demonstrando uma certa insistência em construir apresentar os conceitos e ideias em sequencia linear, pareciam relutar em admitir novas possibilidades de formalizar as ideias (conceituar). Aos poucos foram aderindo e apresentando mapas mais complexos. Ao contrário os alunos de 5a e 6a séries, não demostraram grandes dificuldades na elaboração dos mapas, demonstrando assim que ainda não estavam totalmente aprisionados apenas a uma forma linear de armazenar informações, tão comum nas tradicionais metodologias de ensino.
Essa técnica mostrou ser eficaz em fazer com que o aluno visualize de forma integrada as inter-relações dos conceitos, dentro de um tópico ou do conteúdo total da disciplina.
5.6 Sugestões de temas e assuntos para o Estudo de Casos Estruturados em Educação Ambiental
Nos temas e assuntos escolhidos para o desenvolvimento desse projeto sempre privilegiamos facilitar ao máximo as condições para que fossem trabalhados todos os conteúdos da disciplina de ciências de acordo com os novos parâmetros curriculares e constantes do planejamento anual de conteúdos, citamos alguns assuntos que tiveram mais destaque nos temas propostos e outros que desejamos trabalhar no futuro:
1. Trabalhar como se relacionam os seres vivos e a matéria (não viva) no ambiente. Compreender o ciclo da matéria (água, gases, etc.), compreensão do fluxo da energia no ambiente.
2. Compreender a formação do solo, tipos e propriedades e poluição dos solos.
3. Importância da energia na cadeia alimentar.
4. Transformações de energia - fontes de energia - tipos de energia
5. Novas tecnologias para obter fontes de energia menos poluentes.
6. Biomas - mata atlântica - manguezais e restingas suas populações e biodiversidades
7. Equilíbrio e desequilíbrio de um ecossistema.
8. Poluição do ar da água e do solo
9. O lixo Marinho - Reciclagem
10. A camada de ozônio.
11. Os agrotóxicos
12. A saúde e os alimentos industrializados.
13. Desenvolvimento econômico sustentado X desenvolvimento a qualquer custo.
14. Direito a saúde, a educação, ao lazer e qualidade de vida.·.
VI - CONSIDERAÇÕES
6.1 Analisando os Resultados Obtidos
Quando iniciamos esse trabalho imbuído da necessidade diária que sentimos em melhorar nossa prática pedagógica , de aprender e pesquisar novas metodologias de ensino, principalmente na área da Educação Ambiental, tínhamos esperança de poder contribuir de alguma forma com a Educação. Se exageramos em algumas colocações, que podem ter ficado sem a fundamentação devida, foi por falta de materiais e bibliografia adequados de pesquisa e tratar-se de um trabalho de caracter e aplicação científica e sim experiência na área educacional, esperamos que os nossos pares compreendam que se pecamos foi na tentativa de contribuir, pois quiçá, algum dia possamos nos dedicar de maneira mais profunda no campo da pesquisa científica, para de fato tentarmos provar aquilo que aqui apresentamos como uma tese de monografia.
A partir de uma análise de conjuntura do Ensino de Ciências , apresentamos sugestões capazes de promover a consciência ambiental que, aliada a alfabetização científica será capaz de satisfazer as novas exigências qualitativas em educação da sociedade contemporânea. A fim de promover um desenvolvimento sustentado na tecnologia e no equilíbrio ambiental, argumentamos o valor da interatividade máxima do educando com o ambiente natural, como prática capaz de construir o êxito em Educação Ambiental. Diante do atual paradoxo do pensamento científico: Desenvolvimento Tecnológico X Destruição da Biosfera, analisamos os principais problemas no ensino-aprendizagem , visando promover a compreensão das relações que ocorrem no ambiente. Recorrendo a pressupostos filosóficos e científicos, questionamos os valores que nos levaram a apropriar-se da maior tecnologia da história da civilização e ao mesmo tempo produzir os resíduos poluentes e o desequilíbrio ambiental, causando grande destruição: extinguido milhares de espécies e colocando as demais, inclusive o homem, sob ameaça de desaparecer da Biosfera. Analisando comparativamente o processo ensino- aprendizagem nas civilizações primitivas, e nas espécies ditas inferiores com o pensamento humano contemporâneo procuramos desviar das modernas teorias neurológicas, que centram na faculdade do raciocínio a origem e sede da inteligência , portanto uma exclusividade humana, propomos uma nova Epistemologia , cuja base de sustentação expressa-se na extrema valorização de todos os órgãos dos sentidos ( neurônios sensoriais), na construção do conhecimento da espécie e no homem do desenvolvimento de um pensamento crítico sobre o ambiente que o cerca, ou seja a consciência holística ou ambiental. A isso denominamos “Teoria Genético Sensorial”, ainda carente de mais informações, mas que no mínimo é inovadora. A partir das observações em nossa prática educativa levantamos hipóteses que, reforçam uma teoria da “interatividade com o meio natural (ambiente), como método capaz de se atingir a consciência ambiental”. Visando a alfabetização cientifica do educando aliada a uma consciência ambiental , propomos alinhar o eixo do ensino de Ciências com a Educação Ambiental através da equivalência Ciência - Ambiente , adaptando os conteúdos transdiciplinares para esse fim e valorizando a interatividade máxima do educando com o ambiente natural. Passamos a trabalhar os conteúdos através de novas metodologias como: Resolução de Problemas ligados ao cotidiano do aluno , Estudo de Casos Estruturados - PBLs e Técnica do Mapeamento das Ideias , sempre procurando possibilitar o aluno interagir diretamente com o ambiente natural e de forma a privilegiar pedagogias que democratizem o espaço escolar com aulas ao ar livre, através de atividades lúdicas relacionadas a art-educação e o fim da ditadura postural com a liberdade de movimentos, aulas com jogos teatrais, técnicas de relaxamento através de viagens imaginárias e visitas- estudo a ecossistemas. Acreditamos estar através dessas novas práticas e de outras sugestões aqui apresentadas, possibilitando facilitar um processo ensino-aprendizagem que busque compreender os problemas ambientais, suas possíveis soluções , assim como aprender a evitá-los no futuro.
Enquanto professor, nosso objetivo foi trabalhar os conteúdos programáticos da disciplina de Ciências abordando tópicos como: Matéria, Energia e Ecossistema de forma transdiciplinar, acreditamos que as novas metodologia de ensino aplicadas no decorrer do projeto, abre-nos a possibilidade, agora de maneira eficaz, de não sermos mais meros transmissores de conhecimento, mas sim agentes colaboradores, no ato de transformação do ser humano em ser pensante, consciente do ambiente em que vive e capaz de tomar decisões por si próprio.
Analisando agora os resultados pessoais obtidos, com esse trabalho aprendemos muito sobre ambiente, inserimo-nos de forma útil na comunidade e pudemos conhecer melhor nossos alunos. Devemos ressaltar que nasceu em nós um outro educador, mais livre e capaz, porque acredita na força e boa vontade de uma minoria de seres humanos, que consideram importante viver e preservar a vida. Sem eles meu trabalho não teria êxito, haja visto o empenho que fizeram para que o levássemos a cabo.
6.2 CONCLUSÃO
O que buscamos com a realização desse trabalho, além de todas as considerações anteriores; é no futuro tornar possivel que maior número de pessoas principalmente aquelas ímbuidas do saber cíentifico: professores e alunos, pois são elas que, verdadeiramente transformam ou transformarão (para melhor e claro) o mundo, possam utilizar essa experiência que nós diríamos científica, porque controlada e extrasensorial porque capaz de alterar nossos sentidos. Não se tratou de reviver o simplismo do “Emílio de Russeau”, ou de fazer apologia ao sensorialismo, muito menos de introduzir assuntos místicos ou esotéricos no currículo básico. Trata-se de um aprofundamento no estudo da Ciência; uma mudança radical dos “porquês?” da ciência. Uma verdadeira interação entre homem e natureza. A única possibilidade de salvarmos nosso Planeta.
Cabe a nós, enquanto cidadãos, pessoas do problemas que afligem o mundo que nos cerca; nos engajarmos na luta pela preservação do meio ambiente.
“ O dia que o último yanomani cair por terra, pela doença, pela cobiça e pela ganância do branco, também nesse dia o céu cairá sobre toda a nação branca”.( Resolução da ultima conferência dos Xamãs yanomanis – Prog. Doc. Especial/TV Band, 23-01-97)
6.3 Bibliografia e Referências
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